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O MARIDO AUSENTE
Comédia assincrónica | 1988
PENÉLOPE (levanta-se, abrupta.) – Uma ideia me ocorre, meu caro Dr. Sotiris. Quem sabe se a sua vinda a este palácio não é puramente casual?… tão-pouco motivada pela simples curiosidade… científica?
SOTIRIS – Que deseja insinuar, Penélope, minha boa amiga?
PENÉLOPE – Quem sabe se isto não foi tramoia planeada por Telémaco? De conivência com a governanta, Euricleia, essa mosquinha-morta? Pretenderão eles que não me encontro em pleno uso das minhas faculdades mentais? Tentarão eles, assim, entregar-me aos seus cuidados… psiquátricos?
SOTIRIS – Eu sou apenas um neurologista…
PENÉLOPE – Os loucos têm muitos nomes… e os médicos que os tratam… também! (Afasta-se alguns passos,)
SOTIRIS (chegando-se a ela, com muito bons modos) – Então? Acalme-se. Abordemos o problema…
PENÉLOPE – O problema? Que problema? Eu não tenho nenhum problema.
SOTIRIS – Suspeito que não é tranquila a sua existência. E bem o poderia ser. Retome o seu lugar neste canapé, “chaise-longue” ou lá o que é, que bem parece arrancado a um antigo vaso de cerâmica. (E com estas palavras a vai conduzindo ao referido móvel.) Volte a deitar-se, alongando o corpo distraidamente.
(Penélope, de repente submissa, executa, conforme lhe é indicado.)
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Excerto do longo ato único. Leia mais em https://bit.ly/2OIBXrZ
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