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Nasci no Porto, vivi a infância, a adolescência e início da vida adulta no Porto.
Com chuva, muita chuva e frio ninguém faltava à escola.
Ia a pé!!
Mais tarde o ciclo e secundária … Escolas Gomes Teixeira e Oliveira Martins. Relativamente acessíveis mas não para ir a pé. O “eléctrico” de tão boas recordações.
Os pais poucos tinham carro e os que tinham não tinham disponibilidade para ir pôr os meninos à escola, porque entravam cedo no trabalho.
Não tive direito a qualquer tipo de escalão, nem livros grátis, nem cheque dentista, nem computador…
Não tinha internet, google, nem bip, nem telemóvel.
As pesquisas para os trabalhos da escola eram feitos na biblioteca da escola, ou nos livros requisitados na biblioteca ambulante, nas enciclopédias em casa dos colegas e recortes de jornais, eram escritas à mão, com palavras nossas (se fosse cópia do livro, estávamos lixados). Tínhamos sempre TPC’s (todos os dias).
Na escola havia o bola de carne, o saloio, o xixas, a magrela, o anão, a girafa , o nariz de porco, a piolhosa e por aí adiante…
Toda a gente era gozado, de uma maneira ou de outra, às vezes até discutíamos, mas logo estava tudo resolvido e seguia a amizade… era brincadeira e ninguém se queixava de bullying.
Muitos até hoje ainda permanecem com os apelidos! Tínhamos o leitinho escolar (achocolatado), havia o dia de combater os piolhos, o dia da vacina, da foto do ano letivo, o dia do magusto! e óleo de fígado de bacalhau
A caminho da escola entrávamos no café comprávamos peta zetas, sugos, pintarolas, pastilhas pirata…
A frase “já vou” era para ficar mais tempo na rua a brincar e não enfiado num tablet ou num computador…
Colecionávamos figurinhas de cowboys, de jogadores de futebol, de rebuçados vitoria para conseguir ter a caderneta completa, poster’s da revista Bravo, que colávamos na parede do quarto ou na porta do roupeiro (mesmo arriscando a levar uma galheta por causa da fita cola)…
Música era no rádio, na hora dos discos pedidos. Ficávamos a rezar para que o locutor não falasse nem entrasse publicidade para que fosse possível gravar na K7.
Inventavam-se teatrinhos, brincávamos aos médicos, às escondidinhas, à apanhada, lá vai alho, ao bate-pé, jogávamos à bola, ao elástico, ao jogo da verdade ou consequência, saltávamos à corda e à macaca, …
Andávamos de bicicleta, patins, carrinhos de rolamentos etc..etc…
Não importava se o meu amigo era negro, branco, cigano, rico, pobre, menino, menina, brincávamos todos juntos! “Bulhas” era só “mano a mano”, os amigos de um, só se metiam se do outro lado houvesse um chico esperto a provocar e a meter-se no meio.
Na televisão assistíamos à Heidi, Tom Sawyer, Sítio do Picapau Amarelo, Tom e Jerry, Rua Sésamo, Scooby Doo, Willifog , Dartacão, aos jogos sem fronteiras ….entre muitos outros…
Que saudades dessa época em que a chuva tinha cheiro de terra molhada! Em que o “Bom Dia” , o “Obrigada” , o “Com Licença” o “Por Favor” , o “Senhor(a)” , ainda se usava diariamente. Em que o “Não” era sempre não e ai de nós que tentássemos interromper as conversas dos mais velhos…
Época em que nossa única dor era quando chegávamos a casa todos arranhados e com pisaduras. .
Éramos felizes em comparação com esse mundo de hoje onde tudo se torna bullying e/ou preconceito.
Os pais eram donos e senhores dos filhos, havia a colher de pau de serviço, mas ficar de castigo era muito pior.
Só nos era permitido levantar da mesa quando terminávamos de comer e só depois dos pais darem autorização, ninguém levava o prato para sala para comer em frente à televisão.
Quando foi que tudo mudou e os valores se perderam e se inverteram desta forma?
Valores (muitos não todos) que temos que retomar.
Bons tempos que não voltam
Valores difíceis de ensinar e fazer com que sejam compreendidos.
PS: Se és deste tempo copia e cola no teu mural … foi o que eu fiz… para que (por momentos)… outros possam voltar atrás no tempo e reviver cada palavra… de um tempo em que éramos tao felizes… mas não sabíamos!!
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e eu acrescento isto do meu livro ChrónicAçores: uma circum-navegação