Não há nada sustentável nos Açores

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Não há nada sustentável nos Açores
O programa do Governo Regional afirma que a “sustentabilidade tem de continuar a ser um princípio norteador da [sua] ação”.
Em que mente distorcida é que uma agricultura baseada em máquinas destas é sustentável? É preciso não ter nenhum respeito pelo solo (já nem falo em amor!) para o agredir com um trator gigantesco cujo nome reflete a atitude desta gente: Warrior, guerreiro! A agricultura intensiva está em guerra com a natureza, baseando a sua força no diesel, na importação de tudo (adubos, pesticidas, soja e milho transgénicos) e na exportação de tudo (para que a economia continue a crescer). O mar está exausto, salários de miséria pagos a quem sacrifica o seu conforto e arrisca a vida para perseguir cada vez menos peixes, cada vez mais pequenos. Incineradoras são inauguradas para manter um estilo de vida baseado no usar e deitar fora, queimando recursos naturais que não conseguimos deixar de destruir e chamando-lhe “valorização”. O direito à habitação foi transformado num “mercado de habitação” que deixa os açorianos apinhados em anexos que ardem com frequência, juntamente com os carros velhos que são obrigados a manter porque o “mercado do transporte” não lhes dá outra solução para se integrarem no “mercado de trabalho”.
Propõe o Governo Regional uma “senda do desenvolvimento, que efetive rendimento, sustentabilidade e crescimento.” E, de facto, o documento deixa claro que um crescimento económico “forte” é outro dos seus princípios norteadores. O programa segue à letra a cartilha capitalista, na sua versão neoliberal: o “aumento significativo do investimento privado” é apresentado como essencial à “criação de emprego e a fixação das populações”, o governo remetendo-se a um papel regulador “nos aspetos em que o mercado possa falhar”. Claramente, o governo não vê nenhuma falha nesse mercado que nem provê às necessidades mais básicas da pirâmide de Maslov: abrigo, comida, água, ar respirável.
Em vez disso, atira-nos “sustentabilidade” para os olhos, como areia.

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