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Directora Clínica do Hospital da Terceira confirma que lista
de espera em dermatologia ultrapassa os 1000 inscritos
Maria Hermínia Gonçalves tem 88 anos e aguarda há um ano e três meses por uma consulta de dermatologia no Hospital de
Santo Espirito da Ilha Terceira. A situação foi denunciada na edição de ontem, por Jacinto Silveira, filho e cuidador informal de
63 anos que está indignado com o atraso desta consulta de especialidade e que após várias reclamações, irá avançar com um processo judicial perante esta situação.
O filho entende que o Serviço Regional de Saúde “deve a consulta à sua mãe” e que o prazo de 150 dias, regulamentado em decreto
lei regional foi amplamente ultrapassado. Perante esta situação, a Directora Clinica do HSET, Alexandra Freitas explica que este
caso em concreto e após avaliação médica, não foi considerado “prioritário e urgente”
“Esse pedido já foi submetido a uma
avaliação por parte do colega da dermatologia.
Trata-se de uma situação que em termos
clínicos é crónica, é benigna. É uma situação
que até poderá ter eventualmente alguns
períodos de exacerbação. Está devidamente
medicada porque no pedido de consulta vem
lá definida a medicação que a doente se encontra
a fazer e se essa mesma medicação
é cumprida ou não. Essa informação está
lá plasmada no pedido de consulta e possa
adiantar que se trata de uma situação que a
nível de critérios para pedir uma consulta
de dermatologia é duvidoso”, começa por
explicar Alexandra Freitas que refuta igualmente
a acusação de que a utente em causa
não está a ser acompanhada.
“Esta utente não está de todo abandonada
pelo Sistema Regional de Saúde. Tem
visitas domiciliárias quer por parte do serviço
de enfermagem duas a três vezes por
semana. São profissionais de saúde que assumem
essa responsabilidade (…) Posso até
avançar que desde o dia 24 de Julho de 2020
e até 18 de Setembro, o Centro de Saúde já
fez 11 visitas domiciliarias de enfermagem”,
destaca.
A Directora Clinica do HSEIT confirma
que existe um período de espera para as
consultas desta especialidade, justificando-a
com a falta de profissionais disponíveis no
sector público.
“Só temos um especialista a tempo inteiro
na região e trata-se de uma especialidade
que não abunda nos hospitais públicos
a nível nacional. A nossa situação regional
não é de todo uma situação excepcional.
Está de encontro com aquilo que se passa
no resto do país”, afirma antes de avançar
que este “não é caso único. Nós temos um
dermatologista que vê e orienta os doentes e
é claro que poderá haver uma desproporção
em relação ao número de utentes. Neste sentido
já fizemos vários contactos com outros
dermatologistas, contudo sem o sucesso pretendido”,
afirma.
Alexandra Freitas admite que existe um
problema com as listas de espera na especialidade
e que existem casos de utentes que até
aguardam há mais de 15 meses por uma consulta
de dermatologia. Questionada sobre se
existe uma data para que a consulta de Maria
Hermínia Gonçalves se concretize, a médica
não avança qualquer previsão.
“Ainda não temos uma data prevista.
Estamos a tentar resolver o problema das
listas de espera onde esta senhora também
se encontra. Resolver problemas de listas
de espera na dermatologia e neste hospital
não é caso único. Há áreas onde temos mais
recursos humanos e outras onde há maior
escassez tendo em consideração que a formação
de dermatologistas por ano deve ser
de 5 ou 6 a nível nacional”, justifica antes de
confirmar que a utente em causa se encontra
“mais ou menos a meio da lista” que andará
“à volta de 1000 inscritos”.
( correio dos açores)
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