Mulher de um mercador, amante de um homem poderoso ou uma invenção de Leonardo da Vinci. Quem foi “Mona Lisa”? – Observador

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Mulher de um mercador, amante de um homem poderoso ou uma invenção de Leonardo da Vinci. Quem foi “Mona Lisa”? /premium

  • Rita Cipriano
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Em 1503, um mercador encomendou um retrato da sua mulher. Nunca chegou a recebê-lo. O pintor levou-o para França, onde um roubo o tornou conhecido. Esta é a história do quadro mais famoso da História.

Na década de 1510, motivado pela instabilidade política que se fazia sentir na península itálica, que dificultava a procura de trabalho, Leonardo da Vinci aceitou o convite do jovem rei Francisco I para se juntar à sua corte. Com 65 anos, uma idade já avançada, Leonardo abandonou a cidade de Roma, onde se encontrava a estudar problemas geométricos, e, acompanhado pelo seu aluno mais dedicado, Francesco de Melzi, estabeleceu-se junto às margens do rio Loire, em Cloux (hoje Clos-Lucé). Além do material de trabalho, levou consigo uma pintura em que estava a trabalhar desde a primavera de 1503, há mais de dez anos — o retrato da mulher de um rico comerciante florentino, Lisa Gherardini. A Mona Lisa.

Leonardo chegou a França em 1516, tornando-se no “primeiro pintor, arquiteto e engenheiro” do monarca francês. Nunca mais regressou a Itália (país que só viria a existir sob esta dominação a partir do século XIX). Foi instalado numa pequena casa (atualmente conhecida por Château du Clos Lucé), perto do palácio de verão de Francisco I, em Amboise, e foi-lhe atribuída uma pensão. Durante o tempo que viveu em França, Leonardo pintou pouco, dedicando-se sobretudo aos seus estudos científicos, ao seu tratado sobre pintura e às poucas páginas do tratado sobre anatomia. Morreu três anos depois de ter chegado à corte de Francisco, a 2 de maio de 1519, há 500 anos (uma data que será assinalada este ano um pouco por todo o mundo). O seu corpo foi sepultado na igreja de Saint-Florentin, que já não existe. O monumento foi destruído durante a Revolução Francesa.

A Mona Lisa sobreviveu ao seu autor. Foi adquirida por Francisco I e passou a integrar a coleção de arte da coroa francesa, decorando durante dois séculos as paredes da casa da família real. Com a queda da monarquia, no século XVIII, foi levada pelos revolucionários. Acabou nas mãos de Napoleão Bonaparte que, como muitos homens antes e depois dele, se deixou enfeitiçar pelo enigmático sorriso da jovem mulher. Em 1815, seis anos antes da morte da Napoleão, a Mona Lisa foi levada para o Louvre, em Paris. Com o passar dos séculos, o pequeno retrato (mede apenas 77 centímetros de altura por 53 centímetros de largura) tornou-se na principal atração do museu — estima-se que, pelo menos, 7,14 milhões de pessoas visitem todos os anos o quadro, segundo dados fornecidos pela instituição parisiense ao Observador.

Nem sempre foi assim. Houve um tempo em que o retrato, pouco conhecido, partilhava uma sala com muitas outras pinturas renascentistas. Foi o seu roubo espetacular, no início do século XX, que o atirou para as luzes da ribalta. Desde então, muito se tem dito e escrito sobre o quadro e a mulher nele retratado. As teorias são muitas, mas na opinião dos principais especialistas na obra de Leonardo da Vinci não restam dúvidas acerca do seu verdadeiro nome — Lisa Gherardini del Giocondo é a Mona Lisa. E esta é a sua história.

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