Faleceu Padre Lancelote Rodrigues em Macau, Manifesta a Korsang di Melaka a perda física do padre Lancelote, transcrevendo a publicação a 08 julho 2008, Macau, China (Lusa) – A entrada de Malaca para a lista de tesouros da Humanidade da UNESCO é uma “honra para todos os malaqueiros”, disse à agência Lusa em Macau o padre Lancelote Rodrigues, natural de Malaca. Também o presidente do instituto Internacional de Macau, Jorge Rangel, manifestou a dor profunda com a noticia. “Quem o conheceu de perto sabe que a vida em Macau nunca mais será a mesma para com quem ele convivia e partilhava a alegria de viver e a vontade de servir e abraçar causas nobres”. O padre Lancelote Rodrigues, natural de Malaca e a residir em Macau desde 1935, onde chegou com 12 anos, morreu hoje 17 de Junho no Hospital Kiang Wu, noticiou a Rádio Macau.
Filho de pai português, Lancelote Rodrigues nasceu a 21 de dezembro de 1923, morreu aos 89 anos e deixa um trabalho em prol dos refugiados – chegou a ser representante em Macau do Alto Comissariado dos Refugiados – que lhe valeu ser nomeado por Hong Kong para o prémio Nansen 2012 e uma condecoração da rainha de Inglaterra.
Depois de concluir os estudos em filosofia e teologia, Lancelote Rodrigues decidiu, aos 22 anos, ser padre, e acabou ordenado em 1949.
Conhecido como o padre dos refugiados, começou o seu trabalho comunitário em prol de gente que chegava a Macau à procura de um porto de abrigo em 1950, quando o então bispo de Macau o mandou acudir à vaga de portugueses que chegava de Xangai.
Numa entrevista à agência Lusa em junho de 2012, Lancelote Rodrigues recordou que chegaram a existir três centros de refugiados com pessoas de várias condições como no caso dos portugueses de Xangai o que, para alguns, era uma humilhação, problema que se foi esbatendo com convívios entre todos.
Realojados os portugueses de Xangai, em 1977 surge uma nova vaga de refugiados, os vietnamitas, situação que se prolongou até 1991 e que trouxe a Macau cerca de 30.000 pessoas.
Com a transição à porta – realizou-se a 20 de dezembro de 1999 – Lancelote Rodrigues recordou também que foi necessário ir procurando países de acolhimento para as pessoas que passaram por Macau e para as 441 crianças que nasceram no então território administrado por Portugal.
Em declarações à agência Lusa, o cônsul-geral de Portugal em Macau, Vitor Sereno, lamentou a morte de Lancelote Rodrigues e destacou o trabalho do padre ao longo de várias décadas junto da população de Macau, mas sobretudo junto dos refugiados.
“Foi um exemplo no passado e será sempre um exemplo para todos no futuro”, assinalou.
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