MORREU O MAIOR PINTOR CONTEMPORÂNEO DE MACAU

“PARTIU O MAIOR DE TODOS OS ARTISTAS PLÁSTICOS DE MACAU”

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Faleceu Luís Demée, pintor e professor nascido em Macau que estava radicado em Portugal. Apesar de não viver no território há vários anos, a partida de Luís Demée foi muito sentida em Macau, estando já a ser ponderada uma homenagem a uma das grandes referências da pintura macaense

Pedro André Santos

20140718-1032cPartiu o maior de todos os artistas plásticos de Macau. Partiu Luís Demée, que desde muito novo demonstrou enorme talento para o desenho e a pintura”, disse António Conceição Júnior. O artista macaense desde cedo que teve contacto com as obras de Demée, contou ao JTM. “Foi em Lisboa, em casa de seu pai, amigo do meu. Era aguarelas frescas, feitas já com imensa mestria. Mais tarde, soube que o arquitecto russo George Vitalievitch Smirnoff tinha sido seu professor. Mas já nessa altura o aluno de 15 anos tinha ultrapassado o mestre”, recordou.

Apelidando Demée como um “artista de enorme talento”, com obras espalhadas por “imensas colecções particulares”, Conceição Júnior salientou ainda as qualidades humanas de uma pessoa com “enorme humildade” e “simplicidade”. “A vida de Luís Demée é um hino ao talento, ao génio, à amizade, à sua enorme sensibilidade e serenidade e à total dedicação ao nobre ofício da pintura. A mim, que me ligam profundos laços de amizade, sinto que morreu um dos meus mais queridos mestres. Que repouse em paz, continuando noutra dimensão, aquilo que com tanto brilhantismo encetou nesta”, disse o artista macaense.

O presidente do Instituto Cultural, Ung Vai Meng, confessou igualmente a sua tristeza com a morte de Luís Demée, “um filho de Macau com uma grande contribuição nas artes”. O responsável recordou ainda os tempos em que foi leccionado por Demée, nos anos 80, no Porto. “Era um professor muito simpático, muito talentoso na área. A vida das pessoas tem um limite, mas a da Arte não. Ficará sempre no nosso coração, e será sempre um filho de Macau”, disse ao JTM.

Ung Vai Meng referiu ainda que o Instituto Cultural está já a equacionar fazer uma homenagem ao pintor. “Só soube da notícia há muito pouco tempo, mas estamos a pensar e a discutir essa possibilidade”, referiu.

Segundo um comunicado do Instituto Cultural, está a ser planeada uma exposição comemorativa do artista no próximo ano. A instituição expressou ainda as suas condolências pelo falecimento do artista, apelidando Dremée como “um dos mais importantes pintores da sua geração”.

Descrevendo-se como um homem de poucas palavras, Victor Marreiros falou de um “homem humilde, amigo dos amigos”, sendo o seu falecimento “uma grande perda”. “Era um grande pintor, um grande homem e um grande amigo. Uma grande referência da Arte de Macau. Esteve muito tempo fora, mas gostava que Macau recuperasse mais obras dele”, disse o designer.

Traços que ligaram Macau ao mundo

Luís Luciano Demée nasceu em Macau a 8 de Novembro de 1929. Foi discípulo do seu mestre e amigo George Smirnoff, arquitecto e pintor de origem russa, em meados dos anos 40, tendo realizado a sua primeira exposição individual em 1951, cujas criticas positivas acabaram por lhe abrir outras portas.

Um ano depois, com uma subvenção do Fundo de Educação de Macau (Caixa Escolar de Macau), matriculou-se na Escola de Belas Artes de Lisboa, prosseguindo os seus estudos na Escola de Belas Artes do Porto.

Após concluir a licenciatura em Pintura, Demée partiu para Paris com uma bolsa de estudos concedida pela Fundação Calouste Gulbenkian. Em 1961, foi convidado para o cargo de professor assistente na Escola de Belas Artes do Porto. Na primeira Bienal de Paris, recebeu uma bolsa de estudos da Federação de Paris de Críticos de Arte. Demée foi ainda condecorado com o Prémio Nacional de Souza Cardoso Pintura.

Realizou viagens de campo pelo Médio Oriente, Grécia, Alemanha, Inglaterra, Bélgica e Holanda. Pintou murais, frescos, pinturas em vidro, tapetes e obras em acrílico para o Palácio de Justiça do Sabugal, bem como para vários hotéis e prédios públicos.

O pintor macaense foi também distinguido com a Medalha de Valor da Secretaria de Estado de Cultura, e a Medalha de Macau apresentados pelo Leal Senado. Em 24 de Julho de 1999, Demée recebeu a Medalha de Ouro do Cidadão (Emérito) do Governo de Macau.

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Morreu pintor macaense Luís Demée O pintor macaense Luís Demmé, de 85 anos e considerado por artistas locais como o “maior pintor macaense de sempre” faleceu em Portugal, revelou esta quinta-feira a Rádio Macau. 17 de Julho 2014, 13h16Nº de votos (0) Comentários (0) “Sempre o conheci e reconheci como sendo o maior pintor macaense de sempre. E duvido que haja alguém que possa ombrear com ele e com a sua obra. […] Sinto que Macau perdeu o seu mais representativo artista em qualquer das etnias”, lamentou o amigo António Conceição Júnior, em declarações à Rádio Macau. A maioria dos trabalhos do artista macaense está em Portugal em espaços museológicos como o Centro de Arte Contemporânea, no Museu Nacional Soares dos Reis e na Fundação de Serralves.

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Luís Demée: 1929-2014

Pintor e professor universitário, Luís Luciano Demée nasceu em Macau a 8 de Novembro de 1929 sendo um dos pintores de referência do século XX. Morreu em Portugal esta quinta-feira. Na adolescência foi discípulo do seu mestre e amigo George Smirnoff (1903-1947), arquitecto e pintor de origem russa. “Todavia, a partir de uma abordagem simples e realista da pintura, Demée evoluiu gradualmente até ao desenvolvimento do seu próprio estilo, como revelam as suas composições pictóricas inovadoras e pessoais.”

Em 1951 realizou a sua primeira exposição individual, que recebeu boas críticas, e participou em exposições do Hong Kong Art Club, em Macau. No ano imediato obteve uma bolsa da Caixa Escolar de Macau, o que lhe permitiu matricular-se no curso de Pintura da Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa. Em 1953, pediu transferência para a Escola Superior de Belas Artes do Porto, onde prosseguiu os estudos. Durante os anos 50 participou na XX Missão Estética de Férias da Sociedade Nacional de Belas-Artes (1957), dirigida por Abel Viana e integrou a selecção de pintura enviada à I Bienal de Paris (1959), onde recebeu uma bolsa de estudo da Federação dos Críticos de Arte de Paris. Quando concluiu o Curso Superior de Pintura mudou-se para Paris, enquanto bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian. Em 1960 apresentou a sua tese na Escola Superior de Belas Artes do Porto, tendo obtido a classificação de 20 valores, com distinção e louvor. No ano seguinte, foi convidado a leccionar nesta escola.

Numa primeira fase, desenhou edifícios e ruas mas a partir de certa altura a sua pintura foi-se tornando abstracta. Pintou murais, frescos, pinturas em vidro, tapetes e obras em acrílico para o Palácio de Justiça do Sabugal, bem como para vários hotéis e prédios públicos. António Conceição Júnior, que conheceu L. Demée diz que ele “é um dos mais importantes pintores portugueses da sua geração, que escolheu a via do recolhimento e da discrição para se exprimir, fugindo às ribaltas fáceis que sempre foram excessivas para o seu temperamento.”
Ao longo dos 85 anos de vida participou em diversas exposições, quer em Portugal (Porto, Lisboa, Amarante, Viana do Castelo, Matosinhos e Vila Nova de Cerveira), quer no estrangeiro (França, Espanha, Alemanha, Luxemburgo e Brasil), quer em Macau. Na terra onde nasceu expôs, por exemplo em 1985 (mostra retrospectiva no Museu Luís de Camões), em 1991 e entre os finais de 2006 e meados de 2007 no Museu de Arte de Macau, com 73 aguarelas e 16 esboços criados entre 1945 e 1958. António Conceição Júnior, comissão da exposição escreveu: “Feitas por um adolescente, as 91 obras expostas evidenciam à saciedade o enorme talento que transpirava do jovem Luís Demée”.

Luís Demée está representado no Centro de Arte Contemporânea, Museu Nacional de Soares dos Reis e Fundação de Serralves – Museu de Arte Contemporânea, no Porto; no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian e Centro Científico e Cultural de Macau em Lisboa; Museu de Ovar; Museu Municipal Amadeo de Souza Cardoso, em Amarante; Museu Luís de Camões, em Macau; e em colecções particulares espalhadas por Portugal, Brasil, EUA, Inglaterra e Alemanha.
Recebeu a Medalha de Valor da Secretaria de Estado de Cultura e a Medalha de Macau apresentados pelo Leal Senado. Em 1999, foi agraciado com a Medalha de Ouro do Cidadão (Emérito) do Governo de Macau.
Com a sua morte desaparece o homem que “retratou algumas das mais notáveis cenas do antigo porto de pesca nas suas aguarelas e desenhos.” Em declarações à Rádio Macau, A. C. J.: “Sempre o conheci e reconheci como sendo o maior pintor macaense de sempre. E duvido que haja alguém que possa ombrear com ele e com a sua obra. […] Sinto que Macau perdeu o seu mais representativo artista em qualquer das etnias”.