morreu a senhora Mercedes García Márquez

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UMA GRANDE MULHER AO LADO DE UM GRANDE HOMEM
Mercedes Barcha (1932 – 2020), a mulher, companheira, amante, confidente, amiga, musa, mãe, secretária, agente comercial, assessora de imprensa e relações públicas, com quem o escritor colombiano Gabriel García Márquez (1927 – 2014), autor de uma das mais importantes obras literárias do século XX, Nobel da Literatura em 1982, esteve casado durante cinquenta e seis anos, com a sua extrema dedicação ao marido, foi decisiva para o sucesso deste.
Nascida em Magangué, na Colômbia, a primogénita dos sete filhos de um farmacêutico e de uma doméstica, conheceu o escritor quando era ainda uma menina de 9 anos e ele um rapazito de 14. E desde aí, nunca mais se largaram.
Sorte a dele. Sem ela, aquilo em que se tornou, aquilo que alcançou, talvez não fosse impossível, mas teria sido muito provavelmente mais difícil de conseguir. E ainda para mais: Mercedes possuía uma alegria de viver transbordante, uma gargalhada que enchia uma casa.
A importância do seu papel, nomeadamente permitindo que o escritor se pudesse entregar por inteiro à atividade literária, dando-se ao luxo de se abstrair das exigências da vida prática, foi particularmente notória na génese de “Cem Anos de Solidão” (1967), magnum opus de Gabriel García Márquez, ou simplesmente Gabo, como carinhosamente era tratado.
António Araújo, conta (no jornal Expresso, de 5/09/2020) que «Durante mais de 10 anos Gabriel García Márquez tentara a sorte na literatura, escrevendo contos e novelas uns atrás dos outros enquanto mantinha o ofício de jornalista. Numa inspiração súbita, torrencial, fechou-se durante 18 meses no escritório da sua residência na Cidade do México, ao som dos “Prelúdios” de Debussy e de “A Hard Day’s Night” dos Beatles, a conviver dia e noite com as personagens de Macondo, a terra imaginária em que decorre a novela, enquanto Mercedes se ocupava da gestão da casa e do orçamento apertado, nunca perdendo a confiança no talento do marido. Em finais de 1966 o manuscrito estava concluído. Na madrugada em que o terminou, Gabo foi deitar-se ao lado da mulher e esteve até ao raiar do dia a soluçar baixinho, para não a acordar, em pranto de dor e saudade pelas personagens que acabara de liquidar. Depois, quando lhe comunicou que o livro estava finalmente pronto, Mercedes, sempre prática, regozijou-se com a notícia e só então o informou de que tinham acumulado uma dívida de mais de 12 mil dólares.
O que a seguir se passou é tão mágico e tão fabuloso como a trama de “Cem anos de Solidão”. Sem dinheiro para enviar o manuscrito aos potenciais editores, tendo já vendido o Opel branco da família, Mercedes empenhou os eletrodomésticos que restavam, um secador de cabelo e uma batedeira elétrica, para comprar selos e colocar no correio o volumoso pacote com as provas dactilografadas do romance retumbante.»
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