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Será que os luso-portugueses continuam a fazer parte do povo Melungo ?
Escrito por Serafim Da Cunha
Os Melungeons são um agregado multiétnico e cultural de povos que se acasalaram por volta de 1700 até 1860 no Continente Americano ou até mais cedo, que ainda hoje existe. Estes são uma acoplagem de índios norte americanos, brancos europeus (portugueses, espanhóis, gregos, romenos tec.) e gente não desejada na europa, como os ciganos-eslavos, negros provenientes das ex-colónias portuguesas, asiáticos e outras nacionalidades que se uniram mais tarde. O cruzamento multiétnico, cultural e linguístico desses povos, deram em parte origem à inclusão étnico-social que hoje o povo americano tenta dar continuidade. Sendo este um grupo minoritário que surgiu nas Appalachian Mountains em localidades diversas como no estado da Virgínia, Kentucky, Tennessee e North Carolina. De acordo com Will Allen Dromgoole (1890s) um escritor local (Tennessee) indicou que o território central dos Melungeons era em Newman Ridge, Hancock County, Tennessee, tendo este alertado o mundo para a existência desta amálgama de povos. Dromgoole associava-os ao desleixo e ao alcoolismo. Eles por sua vez chamavam-se Portugueses e por vezes Preto Holandês, sendo na realidade judeus holandeses, contudo todos os outros grupos étnicos também eram alcunhados por pretos holandeses. Os descendentes têm diferentes tonalidades de pele e de físico, dependendo do cruzamento genético de cada família ou famílias. Os/as Melungeons primeiramente apareceram nos registos de igrejas e depois no recenseamento da população local. Na Virgínia o comissário da saúde da supremacia branca Walter Plecker (18611-1947) tratava-os por híbridos/ra-feiros. O acordo com Elizabeth C. Hirschman, Abraham Lincoln tinha ascendência melungeon. Também tem sido sugerido que Elvis Presley and Tom Hanks, embora aparentemente pareçam brancos têm progenitura Melungeon.
A descoberta da América e a fixação dos colonialistas europeus, poder instalado, proporcionou e forçou os povos negros e indivíduos indesejáveis na Europa à emigração, como os ciganos eslavos e os negros da África Austral, dando origem ao comércio de escravos. A Espanha, França, Holanda e Inglaterra começaram a expor-tar/transportar escravos africanos e gente não desejada, para as plantações na Jamaica, Barbeiros e Virgínia no começo do século dezassete. Portugal enviou escravos para o Brasil, a França transportou-os para a Louisiana, tendo a Alemanha levado os povos não desejáveis para a Pensilvânia (Henry R. Burke, 1999 – Marietta, Ohio). Os ciganos e os escravos forçados, estabeleceram-se em grupos diversos na América do Norte, grupos que, mais tarde ficaram conhecidos por Melungeons, sendo enviados para a Virgínia no começo da colonização Inglesa. Estes eram contratados como “serventes” para as primeiras plantações de tabaco na Virgínia. Quando os primeiros contratos acabaram mudaram-se para Tidewater na região da Appalachia. Os portugueses presumivelmente foram os primeiros e o maior grupo que abordou a costa americana (H.R. Burke).
Donald Ball (Junho 2000-Melungeon Third Union, Wise, VA) diz-nos que os navios portugueses normalmente seguiam a costa norte à volta do Cape Hatteras (Carolina do Norte), para beneficiarem dos ventos que os levavam aos Açores de regresso a Portugal. Havia também naufrágios de navios tanto portugueses como espanhóis, ingleses e franceses nessa costa. A descrição dos Melungeons tem variado múltiplas vezes desde a sua existência; no século 19 e no começo do século vinte estes eram identificados com “Portugueses,” “Nativos America-nos” ou “Afro-Americanos” de pele clara. Durante o século 19, o povo com pele clara por vezes identificava-se português ou nativo americano, para não serem classificados como negros na segregação social da escravatura.
De acordo com Burke (1999), aparentemente os Melungeons novos/contemporâneos culturalmente têm divergências marcantes em relação aos ciganos, sendo também reconhecidas as divergências culturais entre estes. Todavia, na Europa houve várias tentativas para extinguir os ciganos/romenos ou incorporá-los à força em outros países europeus. O exemplo mais perturbante aconteceu no século vinte na Europa, quando os ciganos/romenos juntamente com os judeus, foram aniquilados pela Alemanha Nazista.
Aproximadamente um em cada quatro vítimas exterminadas na segunda guerra mundial, eram judeus ou romenos (holocausto).
Atualmente os melungeons uns são mais morenos de que outros, tal como muitos gregos e portugueses. Originalmente cada indivíduo pode ser fruto de um cruzamento genético de branco com índio, negro com branco ou cigano ou, uma combinação dos três. Os brancos eram provenientes do sul da europa, do mediterrâneo ou dos dois.
De acordo com Carolyn Earle Billingsley (2000/6 – en.wkipe-dia.org), Tri-racial isolated -groups melungeons, é um termo tradicional aplicado a um dos numerosos grupos trio-sociais isolados no sudoeste norte americano. Alguns podem descender das raças já mencionadas, mas também de outras como a do Sul da Ásia ou da Índia. Os diferentes grupos étnicos relacionaram-se com os melungeons pelo casamento, criando/gerando uma população mista única. Hoje há muitas comunidades de melungeons em vários estados/áreas já referidos, de pele morena, como índios, e europeus com nomes portugueses como Louise, Lucinda, Marianner ou Mariah etc. Estes não usavam Maria ou nomes de apóstolos porque não eram católicos. Os afro-Americans também têm nomes melungeons. Mais recentemente e, gradualmente há os que se têm vindo a identificar como Melun-geons. Barbara Goins (2000) diz-nos que se alguém procurar uma pessoa que tenha vivido antes da Guerra Civil/USA a probabilidade de esta ser melungeon é bem possível, sendo também provável, encontrá-la nos registos camarários ou nos centros religiosos dessas localidades.
Edward Price (1950, dissertação/Melungeon-tri-racial isolate), indica-nos que os Melungeons eram descendentes de três povos; europeus, africanos e nativos americanos na época colonial na Virgínia. Nessa época os Romenos (eslavos ciganos), bem como os Judeus e os Afro-Americans, historicamente, eram também discriminados. Price, realça e indica num estudo genealógico-social realizado aos grupos isolados, que para além do “mito de uma gota de ascendência africana classificar um indivíduo ou uma família como negra”, o facto histórico revela que esse princípio não foi de forma alguma um problema nos Estados Unidos antes do começo do século vinte. Todavia, a jurisdição e competência/s dos grupos isolados e pessoas livres (descendentes de pigmentação escura) se, na maioria tivessem só um oitavo ou dezasseis-avos de descendência africana eram, antes da Civil War, classificados brancos, para finalidades legais. Em 1894 o Departamento do Interior Norte Americano, no seu relatório sobre Indians Taxed e Not Taxed, notou que os Melungeons no Hawkins County revindicaram ser Cherokee (tribo) com DNA miscigenado. O termo Melungeon desde então, por vezes era aplicado aos membros dos grupos de ascendência racial-mista.
Roberta Estes (2012) genealogista, na sua investigação diz-nos que os Melungeons originalmente, nas uniões de negros e brancos, serventes de aprendizes residentes na Virgínia a meados de 1600, expandiram-se antes da escravatura se estabelecer na maioria dos estados. Estes, concluíram que as leis foram postas em prática para impedir os cruzamentos inter-raciais. Os grupos familiares só podiam ligar-se pelo casamento uns com os outros. Em consequência eles migraram juntos da Virgínia através da fronteira Piedmont na Carolina do Norte, antes de se fixarem nas montanhas do Tennessee Este. O conhecimento, o mito, pouco depois começou a aumentar sobre esse povo que vivia nas montanhas do Este do Tennessee. Segundo Pat Elder, primeiramente eles eram Cherokee Índios, mas Jack Goins revela que os Melun-geons afirmavam ser tanto índios como portugueses.
J. Goins, 1950/s diz-nos que há um número elevado de anos essas montanhas eram povoadas por uma sociedade Portuguesa de Aventureiros, homens e mulheres que provavelmente vieram pelo litoral da Virgínia, libertos das restrições e desvantagens impostas por um governo formal. O amalgamento com os índios e, subsequentemente a sua descendência depois do avanço dos brancos nesta parte do estado/s, com negros e brancos, deu origem à propagação da presente raça de Melungeons. Os Melungeons cuidadosamente preservam a “Lenda/s da sua história”. Parte da história e de acordo com Edward Price, inclui um descendente original dos Portugueses Aventureiros, e mais tarde os casamentos interraciais entre índios, negros e brancos. Este artigo é só uma pequena sinopse da história dos Melungeons, informação detalhada pode ser encontrada na internet.
Serafim da Cunha