MATHILDE DO CANTO

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Manuel Menezes de Sequeira
a day ago
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Pedro da Silveira admirava a curta obra literária de Mathilde do Canto. Entre ela, o grande romance, em francês, quase desconhecido, «Dona Josefa»: «Os dois [Alfredo Luís e Mathilde do Canto» constituem, com Nemésio, este na posição mais elevada, a trindade dos grandes romancistas açorianos do nosso século.»
Veja-se o que Pedro da Silveira disse n’O Diabo de 28 de Fevereiro de 1978 (recuperado por Vasco Medeiros Rosa no «Diário dos Açores», em Fevereiro de 2022 (https://www.cmlajesdasflores.pt/…/88b17faf-80d4-4e9e…):
«O ter falado dos últimos artigos de Vitorino Nemésio faz-me lembrar que o escritor deixa dispersa uma obra vastíssima, que justo seria se recolhesse e fosse publicada em volumes. Ao acaso da memória, recordo-me das «leituras semanais» do Diário Popular, escritas mais ou menos desde 19471 e que, quase todas, não passou a livro. Entre essas «leituras», que muitas vezes não eram isso, mas capítulos memoriais, mesmo pequenos contos, até agora me ficou gravada na memória a que consagrou a outro grande romancista açoriano, Alfred Lewis, ou Alfredo Luís, o autor de Home Is an Island, há pouco mais de um ano falecido na Califórnia. Nemésio foi quem primeiro o revelou aos leitores destas bandas, os quais, valha a verdade, nem por isso se mostraram muito curiosos de o conhecerem. (Já agora, abro parêntesis. Para contar como não foi possível editar-se em português o romance de Alfredo Luís: porque os editores abordados por mim2 nesse sentido todos foram firmes em que o nome do autor devia manter-se inglesado e nada de «versão portuguesa», como ele queria, mas sim tradução — qual se de um puro americano se tratasse e não de um açoriano que emigrara para os Estados Unidos. Entendiam, os alveitares, que assim é que era comercial…)
De Alfredo Luís – Alfred Lewis me hei-de ocupar, numa destas descosidas crónicas. E também, se vier a jeito, de Matilde do Canto, a romancista de Dona Josefa. Os dois constituem, com Nemésio, este na posição mais elevada, a trindade dos grandes romancistas açorianos do nosso século. Nemésio, já se sabe, escrevia em português (embora também tenha na sua bibliografia um livro de poemas — La voyelle promise, 1933 — em francês); mas os outros dois escreveram em inglês (Luís-Lewis) e em francês (Matilde do Canto — que, aliás, nasceu suíça, mas se estreou em português, como contista, numa revista da Ponta Delgada).»
Veja-se também o que Pedro da Silveira disse no seu texto «Notas Sobre Autores Açorianos Cujas Obras Devem Merecer Edição, As Inéditas, Ou Serem Reeditadas Condignamente», datado de Lisboa, Dezembro de 1997 e saído no Boletim do Núcleo Cultural da Horta, vol. 15, de 2006 (https://www.nch.pt/biblioteca-virtual/bol-nch15/n15-2.html#a):
«Voltando à geração de Vitorino Nemésio, temos Alfredo Lewis-Alfredo Luiz (como ele se assinou primeiro, ainda escrevendo em português, antes e depois de emigrar). Impõe-se passar ao vernáculo os seus dois romances, Home Is an Island, este publicado, e Fifthy Acres and a Barn (1), inédito, e os contos. Mas a tradução terá de ser açorianizada na linguagem, como o autor pretendia e cheguei a fazer para um conto, que ele depois reviu e aprovou.
Além de Alfredo Luiz, temos Mathilde do Canto e o seu romance, de ambiente micaelense, Dona Josefa, em francês e precedido de uma carta-prefácio de Romain Rolland. Também deste romance a tradução deve ser conforme com o nosso português, embora sem cair no dialectal.»
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Sobre CHRYS CHRYSTELLO

Chrys Chrystello jornalista, tradutor e presidente da direção da AICL
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