Maria Helena Dá Mesquita Morreu

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É com tristeza que comunico a partida da minha querida prima Maria Helena Dá Mesquita, ciente de que amigos, camaradas e colegas podem, por esta via, tomar conhecimento do facto bem como dos detalhes das cerimónias fúnebres.
O velório começa amanhã 4a feira dia 23 a partir das 15h na Brasília da Estrela. No dia seguinte, ás 16h, será a missa de corpo presente. Às 17h segue para o crematório do cemitério do Alto de São João.
Maria Helena Dá Mesquita foi uma figura discreta da cena cultural portuguesa, sobretudo como agente de teatro. Foi das primeiras mulheres a escrever crítica de teatro em Portugal. Escreveu cerca de 800 textos para os jornais “A Capital” e “O Diário”, e pontualmente em diversas publicações. Os seus textos foram muitas vezes censurados pois o seu escrutínio sobre a injustiça social e consciência sobre a condição humana no plano existencial, eram incómodas ao regime. Foi uma das fundadoras da Associação Port. De Críticos de Teatro. Militante do Partido Comunista Portugês, lutou sempre por um mundo mais justo e belo. Leccionou durante décadas, sobretudo no Liceu Pedro Nunes, onde marcou gerações com o seu espírito inconformista e sonhador. Na fase final da vida ativa co-fundou, juntamente com Fernanda Lapa, a Escola de Leitura e Escrita, na Sociedade Portuguesa de Escritores. A sua vida foi dedicada ao estudo, ao ensino e sobretudo ao teatro, que amava com paixão e devoção.
Obrigada Maria Helena.
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Carlos Serrano

Adeus, camarada. Uma perda enorme para a cultura portuguesa.
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Maria Helena Dá Mesquita
Morreu uma das grandes mulheres a escrever crítica de teatro em Portugal.
Tive a sorte de contar com a sua presença nos Prémios Guia dos Teatros em 2008 (foto) onde lhe foi atribuído o Prémio da Crítica.
Perdemos uma extraordinária mulher do teatro.
Fica o seu obituário.
Ao dia 21 de março do corrente ano de 2022 faleceu uma figura discreta da cena cultural portuguesa. Maria Helena Dá Mesquita foi a primeira mulher a escrever crítica de teatro em Portugal. Trabalhou regularmente para os jornais “A Capital” e “O Diário”, e pontualmente em diversas publicações. Os seus textos foram muitas vezes censurados pois o seu escrutínio sobre a injustiça social e consciência sobre a condição humana no plano existencial, eram incómodas ao regime. Foi, até ao fim, militante do Partido Comunista Portugês. Leccionou durante décadas, sobretudo no Liceu Pedro Nunes, onde marcou gerações com o seu espírito inconformista e de deslumbrado. Na fase final da vida ativa co-fundou, juntamente com Fernanda Lapa, a Escola de Leitura e Escrita, na Sociedade Portuguesa de Escritores. A sua vida foi dedicada ao estudo, ao ensino e sobretudo ao teatro, que amava com paixão e devoção.
Biografia
Maria Helena de Souza Dá Mesquita nasceu em Lisboa a 19 de julho de 1933. Concluiu os estudos secundários em julho de 1951, tendo ficado dispensada do exame de aptidão à Universidade. Nesse mesmo ano, ingressou na Faculdade de Letras de Lisboa. Licenciou-se em Filologia Germânica, em julho de 1957, com uma dissertação em literatura alemã intitulada “Aspetos do Problema da Crise na Obra de Herman Hesse, tendo obtido a classificação de 15 valores. Concluiu nesse mesmo ano o curso de Ciências Pedagógicas. Ainda como estudante universitária iniciou a carreira docente primeiro no Liceu de D. Filipa Lencastre (1956), depois no colégio das Religiosas Escravas do Sagrado Coração de Jesus onde permaneceu durante dois anos letivos 1956-1957, 1957-1958. Em 1958, concorreu e ficou colocada no Liceu de Dom João de Castro. Leccionou cerca de duas décadas no Liceu Pedro Nunes. Fez vários estágios de ensino e ensino através do teatro, em Londres e também em Swansea, Munique, Gottingen, Hamburgo, Folkestone. Entre 1968 a 1975 trabalhou em regime de comissão de serviço no Instituto de Meios de Audiovisual, mais tarde Instituto de Tecnologia Educativa. Aí desenvolveu sobretudo experiências pedagógicas que davam a conhecer o teatro e as suas potencialidades, como atividade interdisciplinar. Realizou este trabalho com regularidade até deixar o ensino em 1984. Neste âmbito realizou filmes com alunos e encenou peças de autores como Steinbeck, Charles Dickens, Shakespeare. Em 1969 estabeleceu contactou com o Professor Shelly, do Old Vic de Bristol, o qual com o patrocínio do IMAV deu uma série de aulas a aluno do Liceu Padre António Vieira. Em dezembro de 74 organizou um seminário “Thêatre et enseignement” que teve a colaboração do Professor Richard Monod da Universidade Paris 2. Frequentou o curso de teatro de Adolf Gutkin em 1970 e o curso de Arnold Linhine sobre Stanislavsky na SPA. Fez parte da comissão consultiva de atribuição de bolsas na Fundação Calouste Gulbenkian na área das artes. Fez parte da comissão consultiva que elaborou o projeto de reforma do conservatório – Fundação Calouste Gulbenkian – 1971. Fez uma tese de mestrado sobre literatura irlandesa, especificamente sobre Lady Gregory, no âmbito da qual traduziu algumas pequenas peças. Desde fevereiro de 1968 passou a exercer crítica de teatro nos jornais “A Capital” – mais de 800 textos entre 1968 e 1979, “Notícias da Tarde” (Porto) – mais de uma centena de textos entre 1981 e 1984, “O Diário” – mais de meia centena de textos entre 1984 e 1987. Colaborou ainda em várias revistas de ensino e de teatro. Na fase final da vida ativa, co-fundou, com Fernanda Lapa, a Escola de Leitura e Escrita, que dirigiu por mais de 15 anos. A sua biblioteca e arquivo foi doado, em 2020, à Universidade de Évora, especificamente ao CHAIA – Centro de História de Arte e Investigação Artística.
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