MAGIA ELEITORAL

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É vê-los e ouvi-los nas rádios e televisões a debitar um fartote de promessas e boas intenções. É vê-los armados numa espécie de Dom Juan da sedução ao voto.
Um promete o aumento do salário mínimo para 900 euros em 2026, alargamento do IRS Jovem, discussão da semana de trabalho de quatro dias e o aumento de 20% do rendimento médio por trabalhador.
O outro promete redução de impostos: corta no IMI, IRC, no IRS (800 milhões de euros em dois anos) e, ainda de faca na mão, dá uma talhada no IVA da restauração, mas apenas até dezembro de 2023 e pelo caminho semeia mais fiscalidade verde.
Tanta promessa e a procissão ainda vai no adro. O primeiro, Costa, parece ter uma fórmula mágica para fazer subir em 20% os rendimentos de todos nós , mas não conseguiu mais do que uns pífios 0.9% de aumento este ano
para a função pública. A magia das eleições é fantástica! O outro, Rio, garante ter a solução para os muitos problemas de um país que teima em não sair da cepa torta. A varinha mágica eleitoral é genial!
Juntemos os dois e ficamos com um programa quase-perfeito: melhores salários, menos impostos, justiça mais célere, melhor educação, maior produtividade.
Bloco Central?
Entretanto, pouco ou nada foi dito sobre as regiões autónomas que tantas facadas centralistas têêm levado nos últimos anos. Para os mais esquecidos fica a lista das mais graves: a facada da Lei do Mar dos Açores, a facada na gestão do negócio espacial sediado na Região e, fresquinha e ainda a sangrar, a facada que excluiu as empresas açorianas dos apoios ao aumento do salário mínimo.
Aguarda-se que falem sobre a prisão de Ponta Delgada e do seu eterno atraso, do enquadramento da Universidade Açoriana, tutelada por um ministro centralista e incapaz de cumprir com a palavra dada, da falta de meios materiais e humanos das forças de segurança, e de mais algumas “minudências” como , por exemplo, acudir à situação dos trabalhadores da COFACO. E alguém se lembrará de falar dos nossos idosos com reformas indignas?
Se os líderes nacionais omitem os Açores, espera-se que os cabeças de lista residentes nas ilhas digam ao que vão e o que pensam fazer sobre estas e outras questões que são fundamentais para o desenvolvimento do arquipélago.
Dito de outra forma, importa que os nossos representantes na República não sejam meras marionetas do poder central, mas antes vozes que falem ao povo e pelo povo dos Açores e que não procurem fazer do Parlamento Nacional um trampolim para futuros cargos políticos.
(Paulo Simões – Açoriano Oriental de 09/01/2022)
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    Ana Franco

    Já não consigo ouvir os debates…Às vezes ainda podemos votar” do mal o menos”, mas agora acho que nem isso.

Sobre CHRYS CHRYSTELLO

Chrys Chrystello jornalista, tradutor e presidente da direção da AICL
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