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MADEIRA
Forte de São José na Pontinha: um património que nunca foi valorizado nem no passado, nem o é no presente
Enredo de filme, novela é tudo o que a história mais recente do Forte de São José na Pontinha ou simplesmente o “Principado da Pontinha”, poderia ter originado. Uma história com vários interesses menos claros e episódios de pressão que praticamente vão desde a compra em 2000 por Renato Barros, até ao processo de execução em 2017, ou a prisão do seu proprietário pelo “crime” de desobediência. Pelo meio muitas visitas inclusive de elementos do governo de então pedidos de asilo como o caso de José Manuel Coelho.
Mas o que nos move a escrever estas linhas é o abandono daquele que se diz ter sido o primeiro local de desembarque e refúgio dos descobridores da Madeira.
Recorde-se que após ter adquirido o Forte, Renato Barros, iniciou uma campanha para a pesquisa, recuperação, revalorização e requalificação do património representado pelo forte, inclusive a sua classificação pelas autoridades competentes, a nível municipal e nacional.
O Centro de Estudos de Arqueologia Moderna e Contemporânea (CEAM), coordenada pelo Arqueólogo Élvio de Sousa realizou a intervenção, sendo esta a primeira prospeção científica de um forte na ilha da Madeira. Muito material arqueológico foi encontrado: restos de cerâmicas e vidros, vestígios de uma oficina artesanal de botões de osso, contas de vértebras de peixe para colares, cachimbos, um cadinho para a fundição de balas, balas de metal e de pedra entre outros achados. Entretanto, Renato abria a visitas quatro, compartimentos interiores, a chaminé natural e duas celas prisionais com 2 metros quadrados cada.
Após os acontecimentos de 2017, ou seja, a execução, o Forte foi abandonado e o espólio, entretanto descoberto desapareceu, não se conhecendo nem relatório, nem o paradeiro das peças encontradas nos trabalhos arqueológicos.
A 23 de outubro, de 2020, o presidente do GR anunciava que o antigo forte de São José deveria ser transformado num restaurante com esplanada. O valor do investimento rondaria um milhão de euros e integrava o Forte (adquirido em processo de execução do anterior proprietário) e um espaço público denominado de caminho Real (caminho de acesso ao forte), tendo sido requerida a respetiva concessão por um período de 40 anos que estaria a ser analisada pela APRAM.
Passado este tempo e como escreveu Nelson Veríssimo “nada do que veio a público sobre o planeado restaurante com esplanada, dos investidores luso venezuelanos, augura intervenção adequada, em termos de salvaguarda do Património Histórico”.
Resta aguardar pelos novos episódios sobre este forte que sempre foi pouco valorizado enquanto património histórico, arquitetónico e cultural pelas entidades executivas do passado mas também com responsabilidade das atuais. Restam as imagens captadas um dia destes onde se pode constatar o seu atual estado de abandono.
NH
Fotos-DGomes
Chrys Chrystello
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