MACAU desde os primórdios POR HENRIQUE MANHÃO

Muito antes da chegada dos portugueses — os homens do oceano ocidental, como eram conhecidos pelos chineses — Macau era apenas um pequeno porto que servia de abrigo dos pescadores na época dos tufões e também local de esconderijo de piratas do mar da China e japoneses. O nome porque era conhecida e ainda hoje se conhece “Ou Mun”, significa “porta da baía”.

Na ponta da Barra e no templo que ali existe ainda se venera a deusa “A-Má”, padroeira dos “homens do mar”. Este templo chinês parece que foi edificado antes da dinastia Ming, que durou de 1368 a 1644.
Descoberto o caminho marítimo para a índia após dobrado o Cabo da Boa Esperança por Vasco da Gama em 1498, os portugueses espalharam-se por todo o Oriente.
Parece que foi em 1516, sob a dinastia dos Ming que as primeiras naus portuguesas fundearam no pequeno porto de Macau após terem sofrido alguns danos com a passagem de um violento tufão que atingiu o Mar da China.
Os portugueses estabeleceram-se definitivamente em terra aí pelo ano de 1557, organizando uma feitoria, como tantas outras semeadas no Oriente pela mão lusitana, de entre as quais a ilha de D João, próxima de Macau, célebre por ter sido o local onde foi sepultado S Francisco Xavier, o Apóstolo das Índias. O consentimento para se fixarem em Macau foi o prémio dado aos portugueses por terem livrado a zona dos piratas.
Foi assim que Macau nasceu e logo depressa cresceu, chegando a tornar-se o maior empório do comércio na China, vindo mais tarde a ser designada como “Pérola do Oriente”. Os navios que iam ao Japão buscavam no florescente porto, poiso seguro, enquanto aguardavam ventos de monção que os levasse até Nagasaki. Entretanto com os marcantes portugueses chegavam também os missionários que entraram pela China pregando o Cristianismo.
Por volta do ano 1644 acabava a dinastia Ming, triunfando a dos manchus e para esta se inclinaram os portugueses, seguindo o mesmo rumo político que o grande Albuquerque tinha traçado ao dominar toda a costa desde Ormuz até Malaca, uma das “chaves” do Oceano Índico.
As primeiras casas foram construídas no local onde hoje fica o Patane. Sobranceira à nascente povoação erguia-se a pequena igreja de Santo António, junto da colina, onde a tradição diz que – a “Bíblia” da Pátria Portuguesa.
O casario estendia-se cada vez mais para as bandas da Colina do Monte, em cujo sopé foi edificada em 1755 a igreja chamada de São Paulo, dedicada à Mãe de Deus. A fachada monumental, trabalhada por artistas vindos do Japão foi adaptada a igreja, em 1602 e a sua traça é atribuída ao apóstolo e mártir Bento Carlos Spínola.
Este templo, bem como o colégio anexo, foram destruídos, quase na sua totalidade, por um incêndio em 1935, ficando apenas de pé a fachada, vigorosa e dominadora, e a grandiosa escadaria em pedra que lhe dá acesso. Deste recinto sagrado seguiram os primeiros missionários a evangelizar a China e o Japão.