macau 2011

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1. cultos não ocultos e cristãos, lomba da maia, mai. 6, 2011

 

aqui não é a face oculta da lua

nem marte planeta vermelho

1627 marca a data

no templo de kun iam tong

um começo budista no delta

do rio das pérolas

 

aqui se celebrou em 1844

o tratado sino americano de mong há

à sombra da árvore dos amantes

sob o testemunho dos 3 budas preciosos

e a bênção do buda da longevidade e kun iam

aqui acendi o meu incenso

fiz preces em 1977

repeti rezas em 2011

na esperança fundada

de os deuses estarem comigo

há momentos espirituais mágicos

este o partilhamos

com lusófonos amadores de cultos orientais

perambulando por entre crentes devotos

 

atordoados pelo intenso aroma

envoltos na mística exótica

como camilo pessanha ou camões

aprendizes da galiza, bulgária, alemanha,

moçambique, açores, canadá e brasil

e tantos outros países

todos supersticiosamente crentes

os cristãos partiram santamente

com sacros sacos de incenso

para acenderem em altar devoto

a n. sra. de Fátima, à santa da ladeira

ou em romagens ao santo cristo

 

em coloane visitaram tin hau

templo da deusa dos céus

de kuan tai (deus da guerra e das riquezas),

de lu ban (deus dos carpinteiros),

de choi bak (deus da riqueza)

de hua tuo (deus da medicina)

todos guardados por leões

 

passearam pela igreja

de s. francisco xavier

com a tradicional imagem

uma deusa chinesa segurando um bebé

sinoversão da virgem maria

ponte intercultural do oriente e ocidente

 

embevecidos na gruta de camões

ouviram poemas ao vivo

em fundo de dança tai-chi

uníssono com a concha e o vasco

dissonantes com o chrys e luciano

fazia calor e estava húmido

como já nem se lembravam

 

depois, foram em preito

a a-má, deusa do céu

em templo miscigenado

de tao, confúcio e buda

a tian hou deusa dos navegantes

preitearam no pavilhão das orações

ou primeiro palácio da montanha sagrada

 

não deitaram panchões

não dançaram a dança do dragão

receberam lai-si fora de época

banquetes de nunca acabar

comida de não perguntar

debateram-se com fai chi

até pedir faca e garfo

 

para quem lá viveu e sonhou

jamais sonhando regressar

ver macau nova e pujante

foi alegria insuspeitada

dita por chineses em lusa voz

 

aqui deixo a promessa

perdoa-me

quero voltar.

 

1. ode ao ipm: a china e a lusofonia, macau 15 abr. 2011

 

a cabeça de jade do dragão

volitava promessas

nós dançando em volta e cantando

eram portuguesas as palavras

chinesas as faces

íamos falar de lusofonias

aprendemos harmonias

hospitaleiras gentes

fazendo nossa a casa delas

trataram-nos com honrarias

lusófonos dignitários qing

deram lições de progresso

aprendemos seculares tradições

partilhamos verbos e nomes

comidas e sabores

humildes aprendizes de feiticeiros

pasmados

deslumbrados

fizemos vénias e sorrimos

cativados

fascinados.

prometemos voltar.