Lisboa parece tentar asfixiar os Açores

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ENTREVISTA
  • OSVALDO CABRAL. JORNALISTA

Lisboa parece tentar asfixiar os Açores

A Região queixa-se amargamente de não receber de Lisboa o dinheiro que lhe é devido, sendo que responsáveis políticos locais falam em transferências antecipadas quando o PS estava no governo nos Açores e em Lisboa. O que lhe parece que se estará a passar?
É mais uma das habituais diatribes do governo de António Costa. É um padrão comum a todos os governantes nas últimas duas legislaturas, mas agora mais acentuado, por coincidência (ou não?) desde que temos nos Açores o governo de coligação. No tempo de Vasco Cordeiro ele foi enxovalhado pelo Ministro da Ciência, Manuel Heitor, que veio cá assinar um contrato-programa com o reitor da Universidade dos Açores para um financiamento de 3,5 milhões de euros. Vasco Cordeiro fez questão de promover uma cerimónia pública para o ato. Até hoje, nunca mais vimos os 3,5 milhões. A atual ministra do Ensino Superior, Elvira Fortunato, foi confrontada ontem, aqui em, S. Miguel, com este atraso. Foi apanhada de surpresa, coitada, mas assumiu o mesmo padrão: não se comprometeu com nada! São os atrasos no pagamento das OSP para o Faial, Pico e Santa Maria, no valor de 10 milhões, são os apoios aos agricultores que excluem os açorianos, são os apoios aos emigrantes que excluem os açorianos, são os atrasos no pagamento dos estragos do Furacão Lorenzo, enfim, um rol nunca visto. Se não é tentativa para asfixiar a região, então disfarçam bem.
A extensão aos Açores de iniciativas nacionais de apoio está a ser revindicada, mas não ocorre. São casos como o apoio ao regresso de emigrantes, os apoios à lavoura, entre outros. Parece-lhe legítimo, de acordo com a Constituição e o Estatuto, a Região – tal como a Madeira – solicitar tais extensões?
Claro! Somos território da coesão nacional só quando interessa a António Costa, quando invocou isso mesmo para aplicação de medidas na pandemia? Ou quando se trata da gestão do nosso mar?
Apoios nacionais, com programas comunitários, devem ser obrigatoriamente extensivos às Regiões Autónomas, como acontece com o PRR. Ou somos para umas coisas e ignoram-nos para outras?
O PS dos Açores já veio dizer que a Autonomia tem que tratar do financiamento dos seus assuntos. Como avalia esta declaração?
Devia ter dito isto quando era governo, em que beneficiou de muitos apoios da solidariedade nacional. Até no tempo de Passos Coelho, o PS criticou-o duramente por nos ter mandado à banca para financiarmos estragos de um sismo. Nessa altura não pensou que a região devia tratar do seu financiamento? O PS dos Açores e os seus dirigentes andam completamente arredados da realidade. Não dizem coisa com coisa.
Pelo caminho que vamos, com dívidas que todos os dias nascem debaixo dos pés – a Saúde é um caso exemplar – e com receitas próprias tão diminutas que estão todas comprometidas em despesas correntes, onde vamos parar?
E para piorar veio aquela decisão precipitada de endividamento zero. Devia ter sido uma decisão mais suave, até chegarmos a um orçamento mais folgado para o endividamento zero. Os governantes em Lisboa, atarefados que andam com as zaragatas escandalosas da governação de Costa, aproveitam-se para fechar, ainda mais, a torneira às regiões autónomas. Essa gente não tem carácter político. Muito menos estofo para governar.

in, Diário Insular, 20 de Maio / 2023

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Lou Resendes

é por isso que eu defende uma independência para os Açores e já
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