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Transparência José Soares, jornalista
Sacos de gatos
(Cats)
Foi nisto que se transformou a atual política por todo o país. Sacos de gatos departamentais. Todos os ministérios os têm. Todas as Direções, Secretarias, Belém, São Bento, todos. Assanhados como jamais. Gatos insulares ou nacionais. É só ver quem consegue deixar crescer mais as unhas para melhor arranhar o próximo. Autêntico rally unhal.
Aqui por estas Ilhas, veja-se o caso do Chega, da Iliberal e dos Monárquicos. Os primeiros foram encontrados na rua e recolhidos. Bem tratados, comidos e bebidos, logo de seguida zangam-se e separam-se. Mas não abandonam o saco e as unhas crescem…
O segundo entra no saco sem contar, quase por engano ou distraidamente. Quando se viu lá dentro, começou logo a ‘partir louça’. Presunçoso e narcisista, convencido que a democracia o meteu no saco por desígnio divino, está sozinho mas faz-se acompanhar de grande alarido, grita e ameaça cortar o cordão umbilical de todos os gatos. É assanhado por natureza, com tiques de gato de raça, anti rafeiro e de soberba com excessos de arrogância. A minha gata siamesa faria melhor.
Quanto ao terceiro deste saco em particular, continua com o pensamento e atitude sebastianista, à espera da coroa penhorada pelos republicanos nos inícios do século XX. Soberano-sem-coroa, refugia-se numa pequena ilha onde se concentram os respetivos e únicos apoiantes de todo o reino, através dos quais entrou para o saco.
E há ainda outro saco com gatos que, a nível nacional, desapareceram do grande saco parlamentar mas que, nos Açores, conseguiram sobreviver e até cogovernam e são parte executiva. Estes estão calmos, mudos e surdos e fazem tudo para irem até ao fim do contrato eleitoral. Lá vão indo por entre os pingos da chuva.
A nível nacional, os gatos continuam numa interminável arranhadura entre gatos-mandões absolutos e gatos-povo. Um desses gatos é o que distribui as promessas financeiras. Derrotado nas autárquicas em Lisboa, imediatamente resgatado para o saco financeiro pelo gato-chefe. Foram entretanto criadas as mais variadas distrações, propositadamente controversas algumas delas, para desviar as atenções e os assuntos das polémicas criadas na Câmara Municipal da capital dos gatos, pelo então presidente daquele município e agora ministro financeiro do principal saco-de-gatos que governa os restantes.
Outro gato assanhado, é o que fala mentindo com a máscara da verdade e se dá pelo nome de gato-galamba. Basta que abra a boca e todos sabem que mente ou vai mentir (diante das câmaras ou em público). Se houvesse um óscar para a mentira verdadeira, este gato-galamba não teria rival. José Sócrates teria ciúmes… e até são parecidos. Simpáticos, articulosos, expressivos e com a dialética em dia. Argumentação engenhosa e subtil. Este é um gato cheio de flores de retórica e pode ser concorrencial para a chefia dos gatos socialistas. Tem muito para arranhar, mas chega lá.
Esta casta de gatos cada vez mais assanhados virou moda na política e pondera mesmo arranhar cada vez mais.
De fedorentos e vira-latas, passaram à sofisticação das unhas afiadas por tudo e por nada.
Os eleitores, a seu tempo, vão ter que lhes cortar as unhas rente…