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Transparência José Soares
Pintar a manta
Uma das causas que provocam o ceticismo dos povos em regime democrático, é sem dúvida a hipocrisia impudente dos seus dirigentes, a sua lábia na manipulação dos povos que governam, a falta de alternativas e de verdadeiros líderes, a mentira e corrupção em corrente permanente, numa conspiração elitista, destituída dos ideais republicanos, socialistas, democráticos ou outros quaisquer aceites na conceção de estado de Direito. Os atropelos com sistemas de justiça feitos à medida, sistemas escritos e votados pela seita político-profissional, sem consensos alargados e de formas dúbias.
O planeta Terra começa a esgotar todas as suas condições de vida democrática existentes. Bastará falharem as causas naturais como o ambiente e todas as comodidades de conforto, para que das revoltas populares nasçam dirigentes que diabolizem o futuro.
O conhecimento humano contribuiu nos últimos cem anos para o bem-estar, prolongamento da esperança de vida, cuja expetativa aumentou de tal forma que uma pessoa de setenta anos hoje, não se considera “velha”. Ironicamente, contudo, a Natureza surge com um vírus que aniquila principalmente a terceira-idade – os velhos. De pouco serviram, afinal, os esforços da Ciência em aumentar a expetativa de vida…
Na Birmânia-Myanmar, a líder democrática Aung San Suu Kyi foi detida pelos militares. De nada lhe valeu o escudo defensivo de Prémio Nobel da Paz. Os militares alegam «fraude eleitoral» (expressão que depois de Donald Trump passou a ser moda).
Na Rússia do ditador Putin, o seu acérrimo opositor Alexei Navalny está detido. O ativista e defensor da ordem democrática está preso sabe-se lá até quando…! É bem possível que desta vez não escape ao sanguinário de Moscovo.
Às portas de casa, Portugal ouve (de ouvidos moucos) o ruído da sombra fantasmagórica do ditador Francisco Franco, através de alguns dos seus herdeiros por toda a manta de retalhos ibérica, com Castela a liderar no processo de calar as liberdades das suas várias nações. Portugal foi a única que conseguiu soberanizar-se. Catalunha, País Basco, Galiza, etc, continuam debaixo da pata de Castela, subjugados por essas democracias à la carte.
A displicência usada pela casta política, a indulgência dos corrompidos sistemas de justiça – apenas justos para os mais fracos – cobrindo os seus pares e amigos, a corrupção, quase descarada, da alta finança que tudo compra – mesmo o âmago.
Por tudo isto e muito mais, não admira que estejamos à beira de terminar o ciclo histórico das democracias modernas.
O que virá depois?