José Soares (*) Haja Dignidade… … já que não há vergonha!

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Transparência José Soares (*)

 

Haja Dignidade…

 

 

… já que não há vergonha!

No exercício de funções políticas representativas, os deputados (ainda) são os representantes do eleitorado. E por mais débil, deficiente, adulterada e ultrapassada que esteja a lei eleitoral portuguesa, uma pessoa tem de manter respeito por aquilo que representa. A um deputado, é-lhe confiada, pessoalmente, a missão de ser um procurador do povo. De falar e agir em nome do povo.

Neste momento em Portugal, a democracia representativa passa através de listas, que são preenchidas pelos partidos políticos com pessoas da sua confiança, tanto ideológica, como por simpatia ou interesseira. Essas pessoas nem sempre são competentes para o cargo, mas os partidos, ao colocá-las no interior do aparelho partidário, asseguram o seu apoio ou pagam assim algum favor fabricado.

Mandam as regras do bom senso civilizacional, que os comportamentos individuais ou coletivos dessas pessoas, ao assumirem a responsabilidade de aceitar o cargo, o devem exercer com a dignidade respeitável, fundamental para com os eleitores que representam.

Assim, sempre que um membro eleito num parlamento ocorre em casos que o expõem publicamente de forma menos digna, é seu essencial dever pedir a suspensão do seu mandato enquanto dura o caso, até que esclarecimentos tragam luz à sua resolução.

Qualquer parlamentar que incorra num qualquer deslise perante a Justiça e, muito embora seja sempre considerado inocente até prova em contrário, deve suspender o seu mandato até ao final das investigações ou julgamento. Diante do resultado, se for considerado culpado, não pode voltar a representar o povo no parlamento; Por outro lado, se a Justiça o considerar inocente, regressará ao seu lugar, com pagamento dos retroativos e atrasos financeiros que terá sofrido durante a suspensão do mandato.

Considerar alguém como arguido – o mesmo que acusado – em qualquer caso, não significa que seja culpado, mas a opinião pública, em muitos casos, considera que uma nuvem negra de dúvida paira sobre a pessoa. E até que tudo se esclareça perante a Justiça, é dever ético ser transparente e honesto.

Cabe de forma especial aos partidos políticos, responsáveis pelo recrutamento de tais pessoas, chamar a atenção e até suspender a sua atuação política durante todo o processo. Cabe igualmente ao parlamento do qual faz parte, especialmente ao seu presidente, manter e zelar pela Dignidade Democrática do lugar aonde se senta o deputado ou a deputada, impedindo que ninguém possa representar o povo na dúvida de crimes e muito menos depois dos tribunais decidirem a sua condenação.

Um membro que não respeita estes princípios fundamentais, revela uma preponderância para a vigarice e enxovalho da política e do lugar que representa.

De outra forma e todos aqueles ou aquelas que desrespeitam estes princípios, não têm o mínimo interesse em ser dignos e transparentes, limitando-se a serem simples parasitas de um sistema caduco e cheio de falhas que eles astutamente aproveitam, para chular chorudas pensões, incapacitados que são com provas dadas noutros setores.

 

(*)cronista