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O custo de vida e a paz social (crónica rádio Atlântida)
É de semana para semana.
E apercebemo-nos dos aumentos dos bens essenciais e dos produtos alimentares mais aos fim-de-semana, quando fazemos compras.
Toda a gente se queixa e agora já não é à boca pequena, pois até os próprios empregados das médias e grandes superfícies confirmam: os preços sobem de semana para semana.
O pior é que não há justificação razoável para isso: Não é a guerra que já dura há um ano, nem os combustíveis que até já baixaram de preço, nem os preços dos cereais que também já aumentaram há meses, nem a subida do preço do leite à produção que nem chegou aos 10 cêntimos por litro; Também não foi a subida dos salários, pois o governo até subsidia as empresas para pagarem os aumentos do salário mínimo, nem os impostos que continuam como dantes ou até diminuíram.
Os economistas e os banqueiros, os grandes empresários e os investidores, os políticos e os governantes podem apresentar quantos argumentos quiserem que o consumidor não acredita nas justificações.
Pois se um litro de óleo agora em promoção está a preços de antigamente, se o azeite subiu quase para o dobro quando o ano passado foi um ano excelente de produção…A carne de suíno e de bovino, cujos animais se alimentam de rações mantém-se ou até baixou; o que justifica esta vertiginosa subida do custo de vida?
É uma questão que toda a gente coloca. Os governantes, que vêem os cofres aumentar estão calados, quando deviam intensificar a fiscalização da formação dos preços, ou mesmo criar um cabaz de bens essenciais com preços fixos. Mas não.
De vez em quando os governantes, para calar as vozes discordantes, distribuem uns milhões para subsidiar rendas de casa, outros para ajudar empresas, outros para calarem a lavoura, para pagarem medicamentos, subsídios aos nascimentos…Mas nada fazem para alterar o sistema económico vigente, e até têm o desplante de alegar que a lei da oferta e da procura corrige as desigualdades.
Ao contrário do que apregoam, os governantes preferem manter o povo dependente das benesses que distribuem a seu belo prazer, da caridadezinha, quando deviam promover a dignidade humana, dando a cada cidadão o suficiente para ele próprio gerir a sua vida e a da sua família.
É este o estado patrão, embora com uma imagem mais liberalizante.
Resultado: uns poucos enriquecem ainda mais e a maioria do povo, inclusive a classe média, diminui de rendimentos.
Por todo o lado se ouve protestos contra o estado a que aqui chegámos. E não vale a pena desviar atenções para outros destinatários, mais longe, pois, se assim continuarmos com um poder de compra cada vez menor, toda a economia irá sofrer: trabalhadores, famílias, comércio, a sociedade no seu todo.
Importa fazer alguma coisa, quanto antes. Os conflitos sociais evitam-se. Quando se ignoram já o fogo alastra e consome a paz social. E esse é um bem que temos de preservar a todo o custo.
12 fev 2023
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- Fatinha Machadoverdade …a subirem de uma maneira brutal… obrigado pelo seu texto , cheio de verdades
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Artur Xavier SoaresA especulação, em todo o seu esplendor. E, pior, ninguém põe cobro a isso. Tal lástima.- Like
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- 1 d
Maria De Fatima AmaralO que falta para acabarem com especulações, greves, violência, uma seivajaria.- Like
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- 1 d