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MANIPULAÇÃO, MISTIFICAÇÃO E REVISIONISMO HISTÓRICO
No passado dia 27 de Junho, o escritor açoriano João de Melo concedeu ao DN de Lisboa (link abaixo) uma entrevista, a propósito da publicação do seu último romance intitulado «Livro de Vozes e Sombras», no qual é abordado três momentos complexos da nossa História recente : o independentismo açoriano, a guerra colonial e a deriva totalitária ocorrida durante o PREC.
Não vamos comentar e/ou criticar a obra literária acima referenciada, pois não é da nossa «especialidade», mas tão só comentar um parágrafo algo patético da lavra do jornalista que apresentou e conduziu a entrevista.
Ora, o dito jornalista, inicia assim a sua prosa : « Só ao cabo de trinta livros é que o escritor João de Melo investe totalmente numa questão muito polémica da nossa história como foi a da ação terrorista da Frente de Libertação dos Açores. Pelo meio revisita a guerra colonial, a questão dos ‘retornados’ e a deriva esquerdista e populista do Verão Quente, que se segue à Revolução de Abril de 1974. ]
Atribuir «acção terrorista» à FLA é manifestamente uma autêntica mentira histórica, tendo em atenção a conturbada e complexa conjuntura político-militar que se vivia.
Essa adjectivação – «terrorista» – é muito recorrente na historiografia oficial portuguesa e tem sido bengala para muitas dissertações políticas e jornalísticas quando se aborda a erupção independentista açoriana da década de 70′. Inclusive dentro do nosso arquipélago há quem subscreva – grupos minoritários que nunca aceitaram a vontade do povo açoriano naquele período histórico – essa narrativa.
Acontece que a FLA – embora sendo a precursora no combate directo às tentações totalitárias dum MFA espúrio e duma «esquerda» social-fascista – não actuou muito diferente daqueles partidos e organizações que hoje são considerados «pilares» da democracia portuguesa.
No Verão Quente todos actuaram contra todos. Assaltos a sedes partidárias, atentados, assassinatos, saneamentos, expulsões do país, prisões, etc, etc.
E há aqui uma manifesta dualidade de critérios. Enquanto a FLA não tem no seu «cadastro» nenhuma morte, os grupos terroristas portugueses continentais MDLP do General Spínola – com o ELP, seu braço armado -, vários grupos associados ao CDS, PSD e PS (assaltos a sedes partidárias adversárias, perseguições, roubos de armas e de explosivos militares,etc.) – têm no seu «cadastro» várias mortes e muitos atentados bombistas. E não esquecer a extrema-esquerda e os seus grupos PRP/Brigadas Revolucionárias e FP-25, responsáveis por dezenas de assassinatos.
Para Portugal – e os seus lacaios – a FLA foi considerada uma «organização terrorista» – e até foi feita uma alínea constitucional para o efeito … – e os seus responsáveis foram perseguidos, julgados e muitos tiveram que fugir para os EUA e Canadá.
Já o General António de Spínola, golpista e responsável politico e moral por dezenas de atentados bombistas e mortes – assim como muitos activistas militares e civis próximos dele – foram «recuperados» para a democracia, amnistiados , chegando o dito General à posição honorífica de Marechal.
Também – e pela mão de Mário Soares – muitos membros da FP-25Abril , a começar pelo seu estratega politico e moral, Otelo Saraiva de Carvalho, foram amnistiados pela República.
Os que nos Açores lutaram pela libertação da sua terra e contra a ameaça duma nova ditadura militar de sinal contrário são considerados «terroristas». Já aqueles que no Continente puseram o país a ferro e fogo, foram e são considerados grandes «democratas» e comendadores da República.
Por aqui se vê o que faz a «lavagem cerebral»… que alguns foram alvo e objecto….
https://www.dn.pt/…/parece-que-nunca-fomos-cruzados-inquisi…
@ Ryc