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Impressões sobre o livro Histórias (de) VIDAS, de Francisco Madruga (VAI SER APRESENTADO NO 35º COLÓQUIO EM BELMONTE)
No livro Histórias (de) VIDAS, encontramos crónicas, relatos de momentos vividos intensamente, com a convicção de que não havia outro modo de os viver nem de os contar.
As histórias, em geral, encadeiam-se umas nas outras, ao ritmo das recordações ou porque a narrativa suscita uma reflexão. Em todas, se destaca uma frase, um detalhe (muitas vezes humorístico) que justifica a razão pela qual merecem ser contadas. São, assim, histórias únicas que remetem para vidas singulares, partilhadas por pessoas/personagens diferentes dos comuns mortais. Une-as o fio inquebrantável da amizade – a palavra aparece sempre como nome próprio e, por isso, escrita com letra maiúscula, Amizade. Inquestionavelmente, é a amizade o sentimento maior – o maior – que aproxima as pessoas/personagens desta obra. É o fio condutor da narrativa. Por isso, este é um livro bonito.
O narrador narra as histórias na terceira pessoa – às vezes, trai-se e lá aparecem marcas de primeira pessoa, o que não deixa de ser um detalhe muito interessante. Ao serem referidas as vivências de Pedro Domecq, com muita frequência as frases não têm o sujeito gramatical presente, mas sim subentendido. A mensagem é clara: as vivências, as emoções foram vividas no coletivo, no plural, e valem por isso; não é “ele”, mas “eles”. O individual não interessa, não tem sabor. As lutas travam-se com vontades plurais; as vicissitudes, as conquistas que realmente interessam são vivenciadas em conjunto. O que se é realmente e o que se pensa – quando profundamente assumido e convictamente vivido – vem sempre ao de cima! Tal é uma constante nesta obra.
Neste livro aparece em destaque mais o narrador do que a personagem principal, Pedro Domecq, que está envolvido nas várias histórias que são narradas. É um narrador muito observador, muito perspicaz, sempre muito atento às pessoas das suas relações, para enaltecer o que elas têm de seu, só seu. Verdades só suas. E, por isso, é um narrador que nos transmite o que aprendeu sobre o mundo, o que pensa e sente, pela convivência com o protagonista nas suas deambulações. Quantas vezes lhe alugou os ouvidos para ouvir algumas amarguras indizíveis…
Se a amizade é o sentimento que une as pessoas/personagens desta obra, o 25 de Abril é a seiva de que se alimentam e que as mantém de pé, norteando-lhes a existência, antes e depois de 1974. É a razão dos seus gestos, do seu viver.
Histórias há em que o leitor é surpreendido com trechos imbuídos de poesia, plasticamente bonitos, ao lado dos quais apetece colocar um ponto de exclamação ou escrever “Bem bonito”!
A obra Histórias (de) VIDAS é um livro bonito, pá!
“Quando em tempos de irracionalidade, de luta fraticida pelo domínio do mundo e das suas riquezas naturais, os homens, mulheres e crianças, vítimas das guerras que grassam pelo Mundo, recebes esta pequena nota, de alguém que te gostou, ficas com a sensação de nada teres feito de significativo, para a construção de uma sociedade que dignifique o ser humano em todas as vertentes. Sim, é possível um Mundo mais digno e sem guerras”.
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