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A CAUSA DAS COISAS
O actual confinamento, decretado a 15 de Janeiro, assemelha-se em quase tudo ao primeiro, que teve início em Março do ano passado, mas as crianças e adolescentes estão agora mais ansiosos. Os resultados preliminares do estudo que o Centro de Investigação do Bem-Estar Psicológico, Familiar e Social da Universidade Católica (CRC-W) está a realizar sobre o impacto psicológico do confinamento nestas faixas etárias assim o mostram.
Segundo o estudo, cujos dados estão a ser recolhidos desde o primeiro dia do atual confinamento, os níveis de ansiedade nas crianças e adolescentes com idades entre os 3 e os 18 anos são mais elevados (valor médio de 6,43, a comparar com 5,94, numa escala de 0 a 24). Foram reportadas “mais alterações nos sintomas associados à ansiedade”, de que se destaca “o estar ansioso, agitado e perguntar sobre a morte”. Em geral, crianças e adolescentes estão “mais zangados” (34,1%, quando no primeiro confinamento essa percentagem era de 27,3%) e “choram com mais facilidade” (24,1% vs 19,6%). Os níveis de depressão são, contudo, inferiores, e as crianças e adolescentes também se sentem menos sozinhos e menos aborrecidos do que se sentiam em Março.
Crianças e adolescentes foram identificados pelos especialistas como grupos vulneráveis desde o início da pandemia de covid-19. Os resultados do estudo da Universidade Católica acabam por justificar essa preocupação. Mais de metade (50,9%) dos participantes estão mais preocupados comparativamente ao período antes da pandemia; também estão mais ansiosos, nervosos, agitados e tristes. Quase metade tem medo do vírus (45,7%) e cerca de um quarto pergunta mais vezes sobre a morte (24,6%). Uma percentagem significativa destas crianças e adolescentes sente-se frustrada (37,1%) e, segundo os seus pais, “discutem mais com o resto da família” e têm mais dificuldades em se concentrar, sobretudo as crianças mais velhas.
Destaca-se ainda outro dado: mais de um terço (38%) dos participantes está “muito mais” dependente de dispositivos eletrónicos, como o telemóvel e o computador. Há diferenças entre raparigas e rapazes, com as primeiras a manifestarem maior ansiedade. A depressão afeta-os, contudo, de forma semelhante.

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