“Imaginário extraterrestre na Cultura Portuguesa

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Foi em 2014 que dei “à luz” esta obra, que traduz o essencial da minha tese de doutoramento dedicada ao “Imaginário extraterrestre na Cultura Portuguesa – da Modernidade até meados do século XIX” (Lisboa, Âncora Editora) . Uma investigação feita ao longo de mais de uma década sob a supervisão do meu saudoso Mestre, Doutor João Francisco Marques, que já dirigira a minha dissertação de mestrado, na FLUP. Do mesmo modo cabe recordar e enaltecer o igualmente saudoso Doutor Alfredo Diniz, S.J., sumidade preponderante da Universidade Católica, em Braga, que acedeu a prefaciar esta obra. Convergiram, assim, um pensamento laico e gnóstico e um reputado teólogo católico numa abordagem, ao tempo original na área da História no contexto académico europeu. Aqui couberam a astronomia, a cosmologia, a teologia, a física, mas também a poesia, a ficção didática, Fica este pedaço de uma “vida” como sugestão de leitura para os interessados nestas relações intra e multidisciplinares na cultura do nosso país.
Permito-me anexar duas opiniões de dois exímios colegas da Física e da Astronomia sobre este mesmo trabalho, os professores Luís Bernardo e Rui Agostinho:
Moradas Celestes é um livro de temática cosmológica, celestial e humana, que foi escrito com muita erudição e competência. Apresenta uma excelente perspetiva histórica da evolução das ideias religiosas, filosóficas e científicas, centradas na ideia da vida extraterrestre, surgidas, nos séculos XVIII e XIX, em Portugal. A sua leitura é obrigatória para quem quiser entender a mentalidade e a cultura portuguesas dessa época.
Luís Bernardo, Professor catedrático jubilado da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, especialista em Física Ótica.
“Moradas Celestes” inicia-nos na discussão sobre a origem dos cometas, que discorre pela clássica visão helenística do cosmos e embrenha-se na nova ciência do renascimento, com a famosa Aula da Esfera no Colégio de Santo Antão e dos pensadores no dealbar do séc XVII. Este livro é uma gesta pelo paulatino entranhar do novo pensamento científico que percorria a humanidade, mas em terras lusas. Pelas páginas discorrem nomes ilustres que marcaram essa evolução: António Viera, António Cordeiro, Luiz Gonzaga, António Verney, o grande Teodoro de Almeida, ou Manuel Álvares entre muitos outros. É delicioso percorrer as suas ideias que detalhada e ordenadamente Joaquim Fernandes nos serve no fio da história, cruzada com os grandes cientistas e marcos de então: sobre o vazio ou o éter do universo, a razão das marés, a origem dos cometas que percorre o diálogo entre o que é da Terra e o que vem do Céu. “Moradas Celestes” tem cunho académico, não romanceado, abrangente, mas de uma riqueza linguística que fascina a leitura e abarca a evolução deste conhecimento em Portugal. Uma obra de referência para “cientistas, filósofos e teólogos”, como se lê na contracapa, mas uma grande satisfação para os todos os outros: um “must”.
Rui Agostinho, físico e astrónomo, diretor do Observatório Astronómico de Lisboa.
Ao cabo de pacientes anos eis a OBRA de uma vida, pelo menos no seu essencial: “Moradas Celestes. O Imaginário Extraterrestre na Cultura Portuguesa” (Âncora Editora, 2014) revela, entre outras muitas curiosidades, alguns contributos pouco conhecidos dos intelectuais portugueses para o entendimento do universo e do nosso lugar no cosmos. Precocidades como a ideia de gravitação e atracção universais, devida ao médico António Luís, em 1540, bem antes de Newton a formular matematicamente; a existência dos dois satélites de Marte descrita por Rafael Bluteau (1638-1734), antes de Jonatan Swift o fazer nas “Viagens de Gulliver” e muito antes de Asaph Hall os observar ao telescópio, em 1877; a noção desmentida ( a”mentira ) do azul do céu”, formulada pelo grande orador e padre António Vieira, explicada cientificamente pela primeira vez pelo físico inglês John Tyndall (1820-1893 ); a fantástica tese espírita, precoce no Ocidente europeu e em Portugal, da tese da reencarnação e da metempsicose proclamada pela Marquesa de Alorna, a exímia poetisa Leonor de Almeida (1750- 1839), nas sua obra poética, e que sonha “peregrinar, de “estrela em estrela”, depois de deixar este mundo…Motivos mais do que bastantes para estarem atentos a esta obra que nas suas quase 400 páginas traça um retrato dos “nossos e dos outros céus”, e dos seus presumíveis habitadores, tais como foram imaginados pelos nossos escritores e pensadores. O livro será apresentado, inicialmente em Lisboa, no dia 27 de Março, na Livraria Bulhosa, do Campo Grande, a hora ainda a definir. Espero reencontrar todos os amigos da região da capital para mais esta partilha. Mais detalhes em breve. Um abraço.
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