Ilhas Afortunada

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Estou a ler com muita atenção um artigo que menciona as “Ilhas Afortunadas” para justificar navegação atlântica antes dos descobrimentos portugueses, mas tal requer precisão histórica e ligações de fontes, caso contrário tudo se torna muito confuso.
O texto de Plínio (século I dC.) sobre as “Fortunatae Insulae”, que consta do livro VI, 37.202-205, da sua obra Naturalis Historia, tem sido tratado e interpretado sem espírito crítico desde que os primeiros cronistas e historiadores das Canárias se lhe referem, procurando alguma referência precisa sobre o conhecimento que os romanos tinham daquele arquipélago. O resultado final dessas exegeses tem fornecido alguma luz para uma melhor leitura do texto, mas não isentas de confusão, sobretudo quando se tenta inferir algo certo sobre o conhecimento que se tinha delas na antiguidade. Por outro lado, as ilhas afortunadas, misturadas com a Ilha da Palma, a ilha Canária (talvez Gran Canária), Fuerteventura, Lanzarote, a mítica “Insula Capraria” (Ilha das Cabras), cujo nome parece deturpado, a Insula Braçir (Semelhante a outros nomes com Insula Brazi ou ilha do Brasil) aparecem na cartografia de 1367 dos irmãos Pizzigani (Venezianos) que de seguida se apresenta. Não há dúvidas que em 1367 se conhecia muito bem algumas ilhas das Canárias.
Isso serve para colocarmos o descobrimento das Canárias pelo menos no século I dC.? Claro que não é um argumento forte.
Se associarmos os nomes Ilha das Cabras ao ilhéu das Cabras, ao largo da Ilha Terceira nos Açores e Insula Braçir ao Monte Brasil também na ilha Terceira, ainda mais frágil é dizer-se que a Europa já conhecia os Açores em 1367.
A escrita e os textos históricos são melhores interpretados com factos, pois são esses que permitem precisar a narrativa ou a interpretação de esquemas.
O que não parece haver dúvidas pelas enormes coincidências de nomes é que em 1367 os irmão Pizzigani conheciam as Canárias.
A redescoberta das Canárias é reivindicada por Portugal em período anterior a agosto de 1336 daí que o mapa dos irmãos Pizzigani, não têm nada de novo e revelador.
Isso deixa-nos uma questão pertinente: O que é uma descoberta ou uma redescoberta? Historicamente tem pouca importância pois é o valor que se atribui ao achado que dignifica ou não o ato de encontrar.
Não é preciso ir para Norte quando há indícios fortes de navegação antiga no sul.
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  • Nuno Ribeiro

    Nas Canárias tem sido escavado um importante sítio romano, a cronologia romana e anterior com materiais hispano-cartagineses nas Canárias já não são uma dúvida, mas uma certeza absoluta. As colónias Fenícias de Lixus e Mogador na costa Africana provam …

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  • Joaquim Fernandes

    Bem observado. A referências às estatuas na legenda em latim, na vertical da imagem, é de uma sublime “coincidência” com a Estátua do Corvo!