ILHA-AMÉRICA DE PEDRO ALMEIDA MAIA

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Pedro Almeida Maia
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A emigração ilegal açoriana está na base da nova aventura literária do escritor Pedro Almeida Maia.
“Ilha-América” recua até aos anos 60 para contar uma história ficcionada com base em relatos verdadeiros. Esta obra recorda a grande vaga da emigração açoriana para a América, a busca de um sonho no país das novas oportunidades.
Almeida Maia
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Obrigado pela simpatia,

Vera Santos

. Visitar o

Açores Hoje

é sempre um prazer! Recordo que o lançamento de “Ilha-América” é já esta sexta-feira, com intervenções de

Vamberto Freitas

e Onésimo Teotónio Almeida. Continuo a receber inúmeras manifestações de carinho das vossas primeiras leituras. Estou maravilhado! 🙏

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Pedro Paulo Camara

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Letras Lavadas

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Esta semana, no dia 16 de Outubro, vai ser apresentado este “Ilha-América”. Grato pela oportunidade que Almeida Maia me deu de o ler antes da sua apresentação, a ele dedico a minha página “Leituras do Atlântico” de hoje. Mais um bom romance de matriz açoriana!
Ilha-América
Degrau a degrau. Subir sem cansar e chegar a um patamar que nos deslumbra e cativa. Foi o que senti ao ler este que é o quinto romance de Almeida Maia. Ilha-América! Já tive ocasião de referir e não me canso de repetir, quando falo de ficção: um tipo de literatura que tem o seu público certo e seguro e que garante que uma obra desta envergadura não possa confinar-se às estantes da livrarias e leitores açorianos. Ela tem todos os ingredientes para a sua universalização e é a prova provada de que, com qualidade e criatividade, os acontecimentos, ao pé da porta, no mais puro regionalismo, podem alcançar a mais ampla projecção, sem tempo nem lugar. É aquilo que eu classifico de regionalismo universalizante.
Ilha-América é mais um importante contributo que enriquece um dos temas mais queridos da literatura açoriana: a emigração! Sonho multissecular, como multisecular tem sido a aventura de viver em ilhas, belas de extasiar, mas cadeias terríveis de miséria, distância e abandonos. Ao ler esta grande aventura ficcionada magistralmente por Almeida Maia, esse grande Mané, figura franzina e tímida, que se faz ao sonho no bojo do rodado de um avião, à memória me veio o grande Dias de Melo e o seu imortal “Pedras Negras”, Francisco Marroco, herói da “ilha que escorraça” e da “ilha que chama”, ou aquele também imorredouro “O Barco e o Sonho” do inesquecível Manuel Ferreira, com a casca de noz onde navegou o sonho de Vitor Caetano e Evaristo Gaspar.
E isto mesmo nos recorda o autor deste Ilha-América quando escreve que “a paixão pelo tema da imigração ilegal surgiu com a leitura do artigo “O Avião e o Sonho”, do jornalista Pedro Barros Costa”. De facto, nos sonhos açorianos, do barco ao avião vai apenas uma distância temporal, como se o voar fosse o navegar escrito no futuro.
Desde o Bom Tempo no Canal, – tão bonito aquele pedido de perdão a Nemésio pela irreverência do título – Almeida Maia jamais nos deixou de surpreender, com a sua capacidade de arquitecturar temas e enredos para os seus novos romances, como aquele “Capítulo 41 – A Redescoberta da Atlântida” que tive o gosto de apresentar em 2013, ou mais tarde o magnífico e intrigante “A Viagem de Juno”. Teias policiais, todas com os Açores em pano de fundo e todas com um estilo inconfundível de profundidade psicológica e conhecimento dos sentimentos e consequentes reacções em todos os momentos.
Onésimo Teotónio Almeida diz que a escrita de Almeida Maia é “ágil, incisiva e vivaz”. E está tudo dito aqui. Estas características aliadas ao profundo conhecimento, fruto de muita investigação, estudo e contactos, levam-no, por exemplo, e para falar apenas neste “Ilha-América”, a relatos ficcionados, mas de uma crua intensidade, nos interrogatórios da PIDE, em Lisboa ou em Santa Maria, onde Mané de tudo é despojado, na sua personalidade, “anestesia do espírito ofendido por uma besta”. Na barbaridade escondiam-se as aspirações reprimidas daquele círculo, amansava-se as feras desleais e lobotomizava-se os pensamentos conspurcados com as verdades que eles abominavam. Os homens tristes agem sem amor.” Que descrição! E recorde-se que Pedro Almeida Maia nasceu em 1979, um lustro depois do fim da abominável polícia, varrida pelos ventos de Abril de 74.
Posso mesmo assegurar que a forma como aqui se narram os interrogatórios e a organização do processo pidesco em torno a aventura de Mané, de Santa Maria às Bermudas, à Venezuela dos anos sessenta, a Lisboa e seu regresso, é um dos aspectos mais marcantes deste livro onde menos se consegue delimitar a linha que separa a realidade da ficção. Para mim, são páginas saltitantes de realismo, como se a noite negra da ditadura ainda nos atormentasse em pesadelo de que dificilmente se acorda.
Ainda há poucos dias e sobre este mesmo romance, escrevia o Professor Ermelindo Peixoto, com muita precisão: “Escrita clara e escorreita, de matriz identitária muito nossa, e refletindo a peculiaridade do ilhéu na busca de novos horizontes, na ânsia de superar uma realidade existencial castigada pelo isolamento e por um estado de espírito marcado por ilusões e desilusões, sempre com os olhos postos no outro lado do mar, este livro traduz uma ambiguidade sempre atual entre a vontade de partir e de ficar que não deixará o leitor indiferente aos determinantes históricos, geográficos e sociais da realidade matricial que apresenta”.
E Vamberto Freitas, com a mestria que caracteriza as suas análises literárias afirma que neste Ilha-América, Almeida Maia vai mesmo “à alma dos ilhéus destas ilhas, tornando-se um romance fundamental do nosso cânone, da nossa História, do nosso modo de estar no mundo a oeste, nessa terra de promessa e desilusões que sempre fez parte das nossas vidas. Trata-se da visão original e lapidar da nossa experiência como povo andarilho, que constrói novos mundos e faz da terra um espaço verdadeiramente universal”.
A força da escrita de Almeida Maia reside aqui mesmo, nesta sede de infinito que mora na mensagem que nos deixa, com a ilha a ser universo que busca um universo que seja ilha.
A América é assim: uma grandeza distante, num sonho tão perto e sempre presente. América que é Ilha, América que é Margem deste Rio Atlântico (Onésimo dixit), América que é cheiro e sabor, sonho e quimera. Por isso gostei tanto do título deste livro… e da sua capa (parabéns, Miguel Maia), malas à espera de avião que sobrevoa. E depois, depois é descer, degrau a degrau. “Aquele chão sobrenatural a aproximar-se, degrau a degrau, a Terra prometida ali mesmo, degrau a degrau, a vontade de a beijar a tomar conta de si… até que pisou a pista. Mané tinha firmado os pés no solo sagrado. Tinha chegado à América”.
E eu cheguei ao fim do livro, com a sensação de que aquelas 200 páginas, com edição Letras LAVAdas, tinham sido uma grande viagem durante a qual Almeida Maia me levou à Ilha de Santa Maria, nos anos sessenta, quando a ilha “era um mundo à parte. Era Portugal da ditadura, mas era um Portugal diferente. Era Açores, mas uns Açores diferentes. Era a ilha de Santa Maria, mas diferente das outras, diferente de si mesma, onde se vivia num tempo diferente… Era a América emprestada aos ilhéus… Ali, era a fartura dentro da penúria, a fronteira transparente. Ali, era a Little America”.
Mais um grande romance a enriquecer a literatura açoriana e que por ser açoriana não deixa de ser universal. O perigo de nos idolatrarmos não é menor do que a tentação de nos inferiorizarmos. Os escritores açorianos já deram provas de ter esconjurado complexos destes e agora, neste mundo globalizado, há condições para que livros como este “Ilha-América” possam ter a expansão que merecem, porque as ilhas nunca serão fronteiras, mas portas abertas à beleza de quem escreve assim.
Parabéns, caríssimo Pedro Almeida Maia! Com votos que a apresentação do “Ilha-América”, no dia 16 de Outubro, no Auditório da Biblioteca Pública, seja o merecido êxito. E já espero outro. Com gratidão pela citação das minhas “Leituras do Atlântico” que escolheste para a contracapa do livro.
Santos Narciso
Foto: Paulo R. Cabral
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Esta semana, no dia 16 de Outubro, vai ser apresentado este “Ilha-América”. Grato pela oportunidade que Almeida Maia me deu de o ler antes da sua apresentação, a ele dedico a minha página “Leituras do Atlântico” de hoje. Mais um bom romance de matriz açoriana!
Ilha-América
Degrau a degrau. Subir sem cansar e chegar a um patamar que nos deslumbra e cativa. Foi o que senti ao ler este que é o quinto romance de Almeida Maia. Ilha-América! Já tive ocasião de referir e não me canso de repetir, quando falo de ficção: um tipo de literatura que tem o seu público certo e seguro e que garante que uma obra desta envergadura não possa confinar-se às estantes da livrarias e leitores açorianos. Ela tem todos os ingredientes para a sua universalização e é a prova provada de que, com qualidade e criatividade, os acontecimentos, ao pé da porta, no mais puro regionalismo, podem alcançar a mais ampla projecção, sem tempo nem lugar. É aquilo que eu classifico de regionalismo universalizante.
Ilha-América é mais um importante contributo que enriquece um dos temas mais queridos da literatura açoriana: a emigração! Sonho multissecular, como multisecular tem sido a aventura de viver em ilhas, belas de extasiar, mas cadeias terríveis de miséria, distância e abandonos. Ao ler esta grande aventura ficcionada magistralmente por Almeida Maia, esse grande Mané, figura franzina e tímida, que se faz ao sonho no bojo do rodado de um avião, à memória me veio o grande Dias de Melo e o seu imortal “Pedras Negras”, Francisco Marroco, herói da “ilha que escorraça” e da “ilha que chama”, ou aquele também imorredouro “O Barco e o Sonho” do inesquecível Manuel Ferreira, com a casca de noz onde navegou o sonho de Vitor Caetano e Evaristo Gaspar.
E isto mesmo nos recorda o autor deste Ilha-América quando escreve que “a paixão pelo tema da imigração ilegal surgiu com a leitura do artigo “O Avião e o Sonho”, do jornalista Pedro Barros Costa”. De facto, nos sonhos açorianos, do barco ao avião vai apenas uma distância temporal, como se o voar fosse o navegar escrito no futuro.
Desde o Bom Tempo no Canal, – tão bonito aquele pedido de perdão a Nemésio pela irreverência do título – Almeida Maia jamais nos deixou de surpreender, com a sua capacidade de arquitecturar temas e enredos para os seus novos romances, como aquele “Capítulo 41 – A Redescoberta da Atlântida” que tive o gosto de apresentar em 2013, ou mais tarde o magnífico e intrigante “A Viagem de Juno”. Teias policiais, todas com os Açores em pano de fundo e todas com um estilo inconfundível de profundidade psicológica e conhecimento dos sentimentos e consequentes reacções em todos os momentos.
Onésimo Teotónio Almeida diz que a escrita de Almeida Maia é “ágil, incisiva e vivaz”. E está tudo dito aqui. Estas características aliadas ao profundo conhecimento, fruto de muita investigação, estudo e contactos, levam-no, por exemplo, e para falar apenas neste “Ilha-América”, a relatos ficcionados, mas de uma crua intensidade, nos interrogatórios da PIDE, em Lisboa ou em Santa Maria, onde Mané de tudo é despojado, na sua personalidade, “anestesia do espírito ofendido por uma besta”. Na barbaridade escondiam-se as aspirações reprimidas daquele círculo, amansava-se as feras desleais e lobotomizava-se os pensamentos conspurcados com as verdades que eles abominavam. Os homens tristes agem sem amor.” Que descrição! E recorde-se que Pedro Almeida Maia nasceu em 1979, um lustro depois do fim da abominável polícia, varrida pelos ventos de Abril de 74.
Posso mesmo assegurar que a forma como aqui se narram os interrogatórios e a organização do processo pidesco em torno a aventura de Mané, de Santa Maria às Bermudas, à Venezuela dos anos sessenta, a Lisboa e seu regresso, é um dos aspectos mais marcantes deste livro onde menos se consegue delimitar a linha que separa a realidade da ficção. Para mim, são páginas saltitantes de realismo, como se a noite negra da ditadura ainda nos atormentasse em pesadelo de que dificilmente se acorda.
Ainda há poucos dias e sobre este mesmo romance, escrevia o Professor Ermelindo Peixoto, com muita precisão: “Escrita clara e escorreita, de matriz identitária muito nossa, e refletindo a peculiaridade do ilhéu na busca de novos horizontes, na ânsia de superar uma realidade existencial castigada pelo isolamento e por um estado de espírito marcado por ilusões e desilusões, sempre com os olhos postos no outro lado do mar, este livro traduz uma ambiguidade sempre atual entre a vontade de partir e de ficar que não deixará o leitor indiferente aos determinantes históricos, geográficos e sociais da realidade matricial que apresenta”.
E Vamberto Freitas, com a mestria que caracteriza as suas análises literárias afirma que neste Ilha-América, Almeida Maia vai mesmo “à alma dos ilhéus destas ilhas, tornando-se um romance fundamental do nosso cânone, da nossa História, do nosso modo de estar no mundo a oeste, nessa terra de promessa e desilusões que sempre fez parte das nossas vidas. Trata-se da visão original e lapidar da nossa experiência como povo andarilho, que constrói novos mundos e faz da terra um espaço verdadeiramente universal”.
A força da escrita de Almeida Maia reside aqui mesmo, nesta sede de infinito que mora na mensagem que nos deixa, com a ilha a ser universo que busca um universo que seja ilha.
A América é assim: uma grandeza distante, num sonho tão perto e sempre presente. América que é Ilha, América que é Margem deste Rio Atlântico (Onésimo dixit), América que é cheiro e sabor, sonho e quimera. Por isso gostei tanto do título deste livro… e da sua capa (parabéns, Miguel Maia), malas à espera de avião que sobrevoa. E depois, depois é descer, degrau a degrau. “Aquele chão sobrenatural a aproximar-se, degrau a degrau, a Terra prometida ali mesmo, degrau a degrau, a vontade de a beijar a tomar conta de si… até que pisou a pista. Mané tinha firmado os pés no solo sagrado. Tinha chegado à América”.
E eu cheguei ao fim do livro, com a sensação de que aquelas 200 páginas, com edição Letras LAVAdas, tinham sido uma grande viagem durante a qual Almeida Maia me levou à Ilha de Santa Maria, nos anos sessenta, quando a ilha “era um mundo à parte. Era Portugal da ditadura, mas era um Portugal diferente. Era Açores, mas uns Açores diferentes. Era a ilha de Santa Maria, mas diferente das outras, diferente de si mesma, onde se vivia num tempo diferente… Era a América emprestada aos ilhéus… Ali, era a fartura dentro da penúria, a fronteira transparente. Ali, era a Little America”.
Mais um grande romance a enriquecer a literatura açoriana e que por ser açoriana não deixa de ser universal. O perigo de nos idolatrarmos não é menor do que a tentação de nos inferiorizarmos. Os escritores açorianos já deram provas de ter esconjurado complexos destes e agora, neste mundo globalizado, há condições para que livros como este “Ilha-América” possam ter a expansão que merecem, porque as ilhas nunca serão fronteiras, mas portas abertas à beleza de quem escreve assim.
Parabéns, caríssimo Pedro Almeida Maia! Com votos que a apresentação do “Ilha-América”, no dia 16 de Outubro, no Auditório da Biblioteca Pública, seja o merecido êxito. E já espero outro. Com gratidão pela citação das minhas “Leituras do Atlântico” que escolheste para a contracapa do livro.
Santos Narciso
Foto: Paulo R. Cabral

 

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