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Na Europa e nos Estados Unidos, uma boa parte das vítimas mortais do coronavírus foram idosos que se encontravam em lares. Em países como o Reino Unido, França e Suécia, a percentagem aproximou-se ou excedeu mesmo os cinquenta por cento. Mas muitas dessas pessoas, ainda que a presença do vírus fosse detetada, não morreram da doença e sim da falta de cuidados que sofreram durante esse período crítico.
Segundo explica num artigo da revista “Spectator” Carl Heneghen, professor do Centre for Evidence–Based Medicine, em Oxford, “o próprio confinamento teve consequências catastróficas. Nas instalações de cuidados a longo prazo com mortes em excesso por covid-19, os investigadores descobriram que as perturbações respiratórias agudas não eram o problema principal. As mortes foram sobretudo devidas a choque hipovolémico, ou perdas de fluídos”.
Referenciando um estudo realizado na região de Ile-de-France e publicado em abril, Heneghan resume: “Confinadas nos seus quartos, com as ausências de pessoal a atingir 40 por cento e a consequente redução do apoio habitual, os residentes morriam de sede”. A seguir, o cientista explica que as pessoas, com a idade, tendem a perder a sensação de sede, e que só se os cuidadores ou a família os lembrarem de beber é que eles evitam a desidratação.
A demência agrava estes problemas, e, numa situação em que não só faltam o pessoal como a família está impedida de visitar por motivos de segurança, o efeito é com frequência fatal. Isso aconteceu em milhares de casos na Europa, e vem vários países vão ser realizados inquéritos para perceber como foi possível um drama de tais proporções.
Uma dos principais razões terá sido a opção, tomada desde o início por países como o Reino Unido, de proteger a capacidade do sistema de saúde, reenviando para casa muitos idosos que assim ficaram desprotegidos. Alguns foram para lares, outros para suas casas, onde morreram sozinhos durante a pandemia, nalguns casos levando semanas a ser descobertos.://expresso.pt/coronavirus/2020-06-08-Covid-19.-Muitos-idosos-poderao-ter-morrido-de-sede-em-lares-durante-o-confinamento?fbclid=IwAR3VEFa-2qh7KbPjXfn27nt0K9xT8f9FxooLMI7z1AXHS0NJ3N56JTq24iI