Novo Conselho de Administração do HDES “vai ser muito complementar”, diz Manuela Menezes

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Novo Conselho de Administração do HDES “vai ser muito complementar”, diz Manuela Menezes
Presidente indigitada do novo Conselho de Administração do Hospital do Divino Espírito Santo, Manuela Gomes de Menezes, confirmou ontem que o Dr. Luís Almeida e a Enfermeira Directora, Lúcia Rodrigues se vão manter na sua equipa.
Em declarações na Comissão Parlamentar dos Assuntos Sociais, da Assembleia Legislativa Regional, Manuel Menezes deu a entender que já conhece toda a equipa, mas anunciou que será o Governo dos Açores a fazer o anúncio aos açorianos.
Este novo Conselho de Administração, como realçou, vai ter competências muito diversas. “Vai ser um mix com conhecimentos técnico-científicos de medicina, de enfermagem, de economia, de gestão, de gestão de recursos humanos e inclusivamente de pareceres jurídicos. Vai ser um conselho muito complementar que, certamente, vai dar frutos no nosso hospital com respostas bastante positivas”, afirmou.
Um dos temas em que Manuela Menezes mais batalhou nas suas declarações perante os deputados foi a de decisões concertadas entre o Conselho de Administração e todos os profissionais de saúde. Os deputados insistiram no clima de instabilidade que se vivia no HDES e Manuela Menezes salientou que “não havendo estabilidade é porque não há paz social. O que é que é preciso para que tenhamos aqui um clima de confiança bidireccional e de paz social. Não só todos os profissionais de saúde que trabalham no HDES têm de confiar no Conselho de Administração e o Conselho de Administração tem que ter confiança total em todos os seus talentos. E a confiança não é uma coisa que se adquira ou que se compre. É algo que se vai conseguindo aos poucos”, disse. “As pessoas têm de confiar no conselho de administração e confiar tendo por base a forma da sua actuação, a forma de escutar, e de perceber, efectivamente, quais as suas preocupações. Todos nós sabemos que todos os nossos profissionais têm preocupações que podem ser intrínsecas ao HDES. E o facto de haver este clima até de compaixão (atrevo-me a dizer), de escutar e perceber qual o problema que está do outro lado, e, depois, tentar conseguir resolver estas questões, indo ao encontro do problema mas, também, não dando a solução já como adquirida, mas sempre numa forma de diálogo, isto faz com que, a pouco e pouco, se vá ganhando a confiança uns nos outros”, afirmou Manuel Menezes.
“E é esta minha premissa que tenho de ganhar a confiança de todos e que confiem não só em mim como em toda a minha equipa”.
E Manuela Menezes explicou ainda melhor o que vai ser a sua forma de actuar: “Se tivermos um clima organizacional em que reina a paz, em que reina uma auscultação constante dos enfermeiros e dos médicos, de todos os profissionais de saúde, sobre as necessidades. Viver um clima de lhes dar resposta e não simplesmente dizer: ‘esta é uma decisão e é uma decisão para ser implementada’. O conselho de administração estará sempre à disposição e disponível tanto para médicos como todos os outros profissionais de saúde” num “clima de interacção, de confiança, de credibilidade que seja passada aos profissionais. Este será um clima organizacional em que vamos viver, e que será um factor atractivo. Quando vemos pessoas satisfeitas em organizações, nos queremos ir trabalhar para lá. Se vivermos num ambiente de satisfação, – nunca será uma satisfação total – mas num clima de satisfação e bem-estar em que há uma escuta activa, isto, por si só, é uma mais-valia”, afirmou.
HDES “não está falido”
De acordo com Manuela Menezes, “nunca se poderá falar que o HDES está falido. O HDES não está, de maneira alguma, falido. O HDES tem uma situação patrimonial líquida positiva. Tem activos muito superiores ao seu passivo e isto deixa-nos mais tranquilos”.
“Claro que penso manter esta trajectória, independentemente de querer aumentar a nossa operação. Nunca nos podemos descuidar da nossa sustentabilidade económico-financeira. Quer, a curto, a médio e a longa prazo terá que ser sempre este o objectivo, manter a sustentabilidade económica e financeira e manter a situação patrimonial – não digo a que está – mas mantê-la o mais saudável possível”, afirmou a presidente indigitada do HDES .
E, prosseguiu, “quando falo na questão financeira falo sempre da dívida a fornecedores. E uma vez que me falou desta questão financeira, devo dizer é que a dívida a fornecedores que temos em termos de prazo médio de pagamento, tem vindo a diminuir de uma forma abismal. Há três anos atrás era de mais de 100 dias do que é actualmente”, referiu.
Tranquila com Clélio Meneses
O deputado do PS/A à Assembleia Legislativa Regional, Tiago Lopes, procurou embaraçar Manuela Menezes com as afirmações do governante de que a sua indigitação tinha sido uma decisão do Conselho do Governo e que não seria porta-voz dela. Manuela Menezes respondeu à altura. “A sua questão deixa-me completamente tranquila. E a reposta do sr. Secretário também me deixa completamente tranquila no sentido de que já tive várias oportunidades de conversar com o Dr. Clélio Meneses. Ele foi uma das primeiras pessoas que falou comigo e que me pôs completamente à vontade para responder a quaisquer questões sobre a situação do HDES. Sendo o senhor secretário membro do governo, tendo sido uma decisão do governo, naturalmente, foi uma decisão concertada entre todo o governo”, afirmou.
Tiago Lopes insistiu sobre a instabilidade no HDES e se não fora Clélio Meneses a convidá-la para o cargo e Manuela Menezes voltou a responder: “Quem me convidou., naturalmente, não foi o senhor secretário, como deve calcular. Aliás, os convites não são feitos pelos secretários. O Dr. Clélio Meneses foi das pessoas que mais se disponibilizou e me transmitiu todas e quaisquer informações necessárias e importantes que tenha achado relevantes para me informar de tudo aquilo que poderia ter interesse para que eu possa desempenhar esta missão no sentido de melhor servir os açorianos e a sua saúde”.
O HDES e o HIA
A Presidente indigitada do Hospital do Divino Espírito Santo falou da “necessidade de uma boa articulação do HDES com o sistema Regional de saúde e sistema nacional de saúde.”
Defendeu que o HDES “procurará sempre ser proactivo, ser parte da solução e nunca do problema, numa lógica unificada em que todos os agentes, públicos e privados da saúde comungam do mesmo objectivo – a saúde dos açorianos”.
Confrontada com a relação com o Hospital Internacional dos Açores, Manuela Menezes salientou que este “será sempre um desafio que teremos”.
Considerou que a existência de um hospital como o HIA em São Miguel “é uma realidade nova para nós açorianos no sentido em que tivéssemos o receio de que os nossos talentos fugissem e não fossem retidos nas nossas unidades, nomeadamente nos hospitais em si. Este não é só um desafio regional, é também um desafio nacional e internacional”, disse.
“Como podemos reverter a situação?”, questionou, para depois responder: “Em minha opinião o HDES oferece médicos e enfermeiros – e posso falar em causa própria porque sou filha de enfermeira e sei bem como é trabalhar numa lógica de H24. Todos estão extremamente cansados porque estão a vir de uma situação extremamente complicada que ainda se mantém. Têm de ser valorizados e congratulados. Nós temos uma dívida enorme para com eles”, disse.
Realçou que, no “nosso HDES existem muitas características que não existem em hospitais privados e em hospitais de maior dimensão. Sendo o nosso hospital um grande hospital, com 430 camas, o que é importante é que tanto médicos como enfermeiros tenham condições para que se queiram fixar. Desde logo o facto de poderem continuar a acompanhar o doente do princípio até ao fim. Isto é um privilégio de quem trabalhar na área da saúde”, salientou. “Não nos podemos esquecer que o nosso hospital tem tecnologia de ponta e nem todos os hospitais têm. O nosso hospital tem, não só em termos de equipamentos, algo que faz com que os nossos médicos queiram trabalhar lá”, salientou.
“É sobejamente sabido que os nossos médicos gostam imenso de investigar e, vendo os relatórios e contas que nos são apresentados, eles, não só médicos como enfermeiros, investigam em parcerias com outros hospitais e mesmo com a Academia. Isto será uma mais-valia dos nossos médicos e para os nossos enfermeiros”, realçou. O facto de leccionarem na Universidade “é também um estímulo para os nossos médicos e se aumentar o número de anos dos nossos de medicina nos Açores e passarem de 3 para 6, “isso vai permitir que possam fazer o internato na nossa Universidade e isso vai fazer com que consigamos reter mais médicos no nosso hospital.”
“Temos de ter um quadro bastante robusto com a certeza de que não vão fugir a qualquer momento. Temos mais do que justificação para conseguir manter os nossos médicos e os nossos enfermeiros. Além disso sabemos que existem planos atractivos já para manter os nossos profissionais não só da área da medicina como da parte da enfermagem”, concluiu.
Não fugiu à questão dos horários: “Naturalmente que os horários – e este é o ponto mais sensível – são as noites, são as prevenções, são sempre situações em que temos de pensar. Daí que a senhora deputada tenha falado das pessoas quererem fugir desta situação dos horários. Um hospital que trabalha sempre toda a vida numa lógica de H24, irá ter sempre pessoas a trabalhar numa lógica de H24. Daí que faremos tudo para que reconhecem a importância do hospital público, com todas as subtilezas e todas as especificidades. Mas esta questão de que os outros oferecem melhores condições, isto não é, na realidade, o que se verifica”, disse.
A Presidente indigitada admitiu a existência de carências: “Nós sabemos que não temos nem médicos nem enfermeiros suficientes para conseguirmos alcançar mais e dar melhor resposta aos nossos doentes. Quando se pensa em aumentar a redução de listas de espera, dar mais consultas, naturalmente que isto implica não só mais gastos mas também implica mais pessoas. As pessoas não se conseguem superar. Por isto, neste momento o que temos de ter é, efectivamente, mais pessoas connosco. E como é que o conseguimos? Com pacotes mais aliciantes para que se fixem cá. É uma questão para pensar futuramente”, realçou não querendo dar mais pormenores.
Abordou a questão de mais de 70% das urgências não serem urgências. Isto resolve-se com um SAU, colocando-se neste SAU muitos cuidados de saúde primário. Temos de saber informar muito bem os nossos utentes de quais são os serviços que estão ao seu dispor porque não têm que recorrer à urgência por toda e qualquer razão. Há imensas portas abertas durante muito tempo e muitas delas 24 horas por dia às quais poderiam recorrer em vez de recorrerem automaticamente para urgência do HDES”, completou.
João Paz
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