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A propósito da “solidariedade” europeia
O holandês
O primeiro-ministro holandês foi a Bruxelas à cimeira de chefes de governo, dizer que os países que pretendem receber solidariedade europeia, com a atribuição de fundos para sete anos, devem garantir que fazem reformas internas.
Disse afinal, o que salta à vista e é o caso de Portugal.
O dinheiro vindo de Bruxelas, sem reformas no Estado e na sociedade, não muda a nossa realidade de cada vez maior pobreza e atraso.
Ou seja, Portugal tem um problema de política doméstica que preocupa os estrangeiros, mas a que os portugueses não ligam puto, designadamente os que apoiam este governo.
E os estrangeiros pedem uma espécie de troika permanente para continuarmos a receber ajuda.
De outro modo, sem o dizer, fica a mensagem para que optemos definitivamente pelas ideias de A. Costa e do seu fantástico mundo albanês moderno, inspirado em Louçã conselheiro bancário, com Jerónimo e o catecismo de 1918 e as irmãs circenses do bloco.
Façamos então as nacionalizações, voemos então na TAP ao preço de luxo das arábias e sigamos a estratégia louca de multiplicar a dívida e o desnorte.
Seria um mundo fantástico este que o Portugal governamental solicita.
Uma coisa como ir ao banco pedir emprestado, sem dizer para quê, sem garantias nenhumas de aplicação reprodutiva do que nos emprestam, bastando a mão estendida para cair nela o donativo.
Há em Portugal quem sonhe ter ajudas de 70 mil milhões de euros como em 2011, para garantir pensões e o funcionamento básico do Estado, e não ter a troika a controlar a aplicação destes recursos.
Há quem sonhe ainda hoje, ir de mão beijada às capitais europeias, agora de máscara e reverências invocando o Covid19, para logo que recebido o cheque, regressarem a Lisboa, para voltar ao vício e reafirmar acordos com o PCP e o BE.
Uma espécie de amante de luxo dos contribuintes líquidos da Europa, para manterem as meninas do sul na casa do euro.
É difícil, sendo patriota, não bater palmas ao holandês que diz e faz o papel encomendado pela germânica Merkel, resguardada na benignidade discreta, para daqui a pouco sair como heroína histórica consensual do Euro e da unidade europeia.
A estes açoites sorridentes a Portugal e mais alguns, chama o holandês a questão da “gouvernance”.
Isto é, como se governa em Portugal e por que razão não crescemos criando riqueza a sério.
Como se governa em Portugal e não atraímos investimento estrangeiro, num país descapitalizado.
Como se governa em Portugal e empresas portuguesas vão para a Holanda pagar impostos. Por que razão não oferecemos as mesmas condições de fiscalidade como na Holanda.
Como se governa em Portugal e os processos na justiça concorrem com o tempo da justiça divina.
Como se governa em Portugal e uma decisão da Administração Pública está hoje num tempo de comunicação instantânea, como no tempo dos mangas de alpaca.
Como se governa em Portugal, com a educação controlada por marxistas e teorizadores da esquerda tantas das vezes arqueológica, tantas das vezes caceteira.
Como se governa em Portugal, sugando o lucro das empresas e o trabalho das famílias.
Como se governa em Portugal, sendo mais difícil despedir um colaborador de uma empresa do que criar a empresa.
O holandês, como todos os responsáveis das capitais europeias, recebem relatórios das embaixadas em Lisboa.
Depois, um dia, ganham coragem e não cedem, “the party is over” e A. Costa fica sem jeito …
Tudo por causa do holandês, dos “holandeses”.
Carlos Pinto, Covilhã, Julho 2020