guerras e moralismos

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Não vale a pena andar com anacronismos nem moralismos.
A URSS já acabou há muito tempo e desintegrou-se, sucedendo-se numerosas repúblicas, umas mais homogéneas que outras, outras novas que sempre estiveram ligadas à Rússia. Como no fim dos grandes impérios que duraram até ao final da Grande Guerra (1918), muitos ficaram apátridas ou próximo disso, e os nacionalismos exclusivistas cresceram.
Seguiu-se um período de ultra-liberalismo, com contornos mafiosos. Foi aplaudido em nome da ideologia neo-liberal. O que era do estado passou rapidamente para privados, sejam as grandes empresas, sejam os campos e as habitações. A carestia de vida, a inflação galopante comeu os rendimentos e acabou com o estado social, na saúde, na educação, na habitação. Foi uma época de euforia no Ocidente, enquanto russos e ucranianos e outros ainda, emigravam desesperadamente para “El Dorados”. Os novos capitalistas russos e ucranianos eram bem aceites nas bolsas e empresas do Ocidente, na City ou em Wall Street, onde ainda circulam, apesar dos boicotes anunciados.
A situação económica e política estabilizou mais na Rússia que na Ucrânia.
Na Ucrânia um regime corrupto foi deposto por milícias que reivindicavam a colaboração nazi e proclamavam a xenofobia e depuseram o governo, substituindo por outro também corrupto mas pró-ocidental.
Na Ucrânia a língua russa foi proibida. Cerca de um milhão fugiram e tomaram a nacionalidade russa. Como na Ucrânia não é admitida a dupla nacionalidade, perderam a nacionalidade e ficam impedidos de voltar aos lugares onde nasceram e viveram, à terra dos seus ascendentes.
A Rússia acabou de reconhecer novas repúblicas. Um passo condenado face à lei internacional que deveria respeitar.
Mas não me venham com moralismos. Os mesmos que agora condenam fizeram o mesmo ou mais na ex-Jugoslávia, um estado também soberano nos anos 90 e início do nosso século. Contra a soberania deste estado a Alemanha e a Áustria começaram logo a reconhecer a Eslovénia e e a Croácia e depois a Bósnia-Herzegovina, multi-étnica, com genocídios, reconstituindo o espaço de influência germânica (espaço vital?). Seguiram-se outros. Foram mais longe com o Kosovo, apenas província e origem da Sérvia, promovendo-se ainda mais a limpeza étnica, com colonos albaneses vindos da Albânia, expulsando habitantes, como já tinha acontecido na 2ªa guerra mundial e agora com tropas da NATO.
Ainda pode haver lugar à diplomacia sem humilhações nem deportações de povos nem uma guerra generalizadas, onde podem ser acionadas armas nucleares. Ainda há lugar para fazer referendos sérios, com observadores internacionais e condições para os povos se exprimirem em liberdade, sem a xenofobias que estados têm imposto, sem os cercos militares que, de facto, estão no terreno (da Rússia e da NATO).
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