Gravuras nas Quatro Ribeiras reforçam ideia de presença pré-portuguesa

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Gravuras nas Quatro Ribeiras reforçam ideia de presença pré-portuguesa

Foi identificado um novo conjunto de arte rupestre na ilha Terceira, desta vez na freguesia das Quatro Ribeiras, adiantou, em declarações a DI, o professor universitário Félix Rodrigues. “É um conjunto de arte rupestre muito interessante, significativa e bem conservada”, salientou. Há cerca de um ano, o docente da Universidade dos Açores tinha sido alertado para a existência de gravuras em rochas neste local por Gerry Estrela, mas só agora confirmou a beleza das estruturas, depois de Roberto Costa as ter identificado com recurso a um drone. Segundo Félix Rodrigues, que entretanto já foi ao local, este “conjunto vasto de gravuras” está numa lógica próxima de outro conjunto de arte rupestre sinalizado pela antropóloga Antonieta Costa, junto à zona balnear das Quatro Ribeiras. O sítio onde agora foram detectadas mais gravuras é de acesso difícil e praticamente só alguns pescadores que passam por lá a caminho da pescaria o conhecem. Nas rochas pode ver-se um petróglifo de uma baleia e um conjunto de figuras geométricas que têm equivalência com as outras imagens detectadas junto à zona balnear. A cronologia é “incerta”, mas este segundo núcleo de gravuras vem confirmar a “inequívoca importância” das primeiras imagens, segundo Félix Rodrigues. “É uma obra de arte inegável, de valor enorme, independentemente da época em que tenha sido feita”, frisou. Apesar de os desenhos apresentarem “enormes marcas de erosão”, Félix Rodrigues destacou o facto de as obras se manterem “muito bem preservados”, por se encontrarem num local de difícil acesso. Para o docente importa agora fazer um “enquadramento teórico” das gravuras. “Não permite a datação física, nem escavação. Apenas se exige interpretação”, explicou. Ainda que não seja possível identificar a cronologia exacta dos achados arqueológicos da Terceira, Félix Rodrigues alega que já está sinalizado um intervalo de tempo. “Já temos tanta coisa que a probabilidade de se estar errado sobre uma presença pré-portuguesa é nula. A grande questão é quem era esta gente e há quanto tempo foi, mas sabe-se que no mínimo foi há 10 séculos atrás”, salientou.
Os achados arqueológicos da ilha Terceira estão a despertar interesse de investigadores estrangeiros de diferentes áreas. Segundo o professor universitário Félix Rodrigues, este Verão passaram pela ilha vários investigadores de diferentes universidades da Alemanha, de Espanha, da Holanda e de Itália. “Eles vieram por sua iniciativa só para ver a Grota do Medo, depois de terem lido algumas coisas”, adiantou, em declarações a DI. A matéria despertou interesse de investigadores de áreas diversas, como a história, a arqueologia, a física e a bioquímica, o que comprova a necessidade de uma abordagem pluridisciplinar no estudo destes achados. Segundo Félix Rodrigues, os investigadores ficaram algo “baralhados” quando chegaram à ilha Terceira, porque julgavam que já existia uma maior organização sobre os achados. Alguns destes investigadores já iniciaram mesmo estudos comparativos sobre as estruturas identificadas. Os achados despertaram também interesse de uma produtora lusoespanhola que esteve nas últimas semanas a gravar um programa de televisão sobre a temática.
Foto: DR

Correio dos Açores