GENUÍNO MADRUGA E MAGALHÃES

Dia 15 pelas 14h ancorei na Baia de S. Julian a fim de efectuar algumas reparações no “Hemingway”. Os estais e brandais necessitavam de algum afinamento e a escotilha da proa continuava a meter água, pesa o facto de por já 2 ou 3 vezes ter sido reparada. Talvez o frio tenha alguma coisa a ver com as “metidas de água” que sempre acontecem no “Hemingway” quando há mau tempo. Ao pôr do sol o vento amainou o que é caso raro naquelas paragens. Curiosamente no dia 31 de Março de 1520, naquela mesma baía ancoravam pela primeira vez as naus capitaneadas pelo português Fernão de Magalhães ao serviço da corôa espanhola tendo como objectivo descobrir uma passagem do Atlântico para o outro lado do Continente Sul Americano pensando-se na época que assim se chegaria mais rápido às Ilhas das Especiarias cujo comércio era práticamente monopólio dos portugueses do outro lado do Atlântico via Cabo da Boa Esperança. Tratando-se de uma navegação costeira , à vista de terra perderam se vários e preciosos dias pelo Rio da Prata julgando tratar se da almejada passagem.

Em finais de Março no Atlântico Sul começa o tempo invernoso que se prolongará até final de Novembro. Foi o terrível Inverno que trouxe às tripulações as maiores provações, era o frio austral que tudo gelava, a quase não existência de víveres, rebeliões a bordo e os súbitos ventos tempestuosos que por vezes pareciam levar barcos e homens como se de uma maldição se tratasse. Com a chegada da Primavera a Armada levanta ferro, em 21 de Outubro 1520 descobrem uma entrada por onde a terra era baixa , e navegaram para oeste por canais por vezes apertados outras vezes por baixios, por entre montanhas e descampados.

Finalmente a 28 de Novembro de 1520 , vencidas as tempestades, o frio, a fome, as rebeliões e tumultos a bordo, estava descoberta a passagem. Iniciava-se então outra grande aventura pelo desconhecido Oceano que havia de chamar-se Pacifico.

Dos 5 navios da armada de Magalhães, com cerca de 237 tripulantes, incluindo crianças entre os 8 e os 12 anos, só um navio e 18 destes tripulantes haviam de regressar de tão arrojada aventura que foi a primeira viagem em redor do mundo.

Este grandioso feito iniciado por português Fernão Magalhães e terminado pelo espanhol Sebastián Elcano.