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Roubei ao Carlos Coutinho. Sei que ele alinha.
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Ite missa est
PORTUGAL organiza-se para pagar a missa mais cara do mundo junto à foz do Trancão, o afluente do Tejo que já teve as águas mais achocolatadas da Europa e que ainda não consegue dar guarida a qualquer peixe com militância no movimento antieutanásia.
Marcelo Rebelo de Sousa, que chegou a mergulhar em águas assim, com uma legião de jornalistas a certificar a sua façanha, esteve hoje, numa romagem ao local onde vai ser montado o palco para a missa de encerramento da Jornada Mundial da Juventude, que o Papa Francisco vai certamente aproveitar para se despedir do exigente cargo pontifício que lhe coube em tempo de conspirações apostólicas e saúde precária.
A grande festa está agendada para a primeira semana do ano que vem, mas o nosso Presidente já foi hoje ao local, acompanhado por uma comitiva invejável que incluía a ministra Ana Catarina Mendes, o autarca supremo de Lisboa, Carlos Moedas, e o seu homólogo de Loures, Ricardo Leão, além do bispo Américo Aguiar e de vários outros sacristães, todos de fato e gravata.
Sabia-se que nem sempre Loures e Lisboa estiveram de acordo na repartição da fatura, mas Marcelo conseguiu pô-los afinadinhos, o que não foi muito custoso, já que o Governo decidiu ficar com grande parte da despesa às costas, embora fique maior a astronómica soma de cativações e outros pagamentos adiados na Saúde, na Educação, etc.
Com efeito, tinha mesmo de haver um milagre e aí o temos. Até o bispo o reconheceu à “Lusa”, ao considerar Marcelo “o nosso melhor pivô, o nosso maior embaixador”. É que o Município de Lisboa, por exemplo, vai sentir nos seus cofres uma varridela de pelo menos 35 milhões de euros, sendo ainda desconhecido o resto do bolo podre a repartir pelos outros pagantes.
Para já a Mota-Engil cobra 8,2 milhões só pelo afastamento dos contentores do Complexo Logístico da Bobadela mais para norte; uma ponte pedonal e ciclável vai ficar por 3 milhões; para a preparação do terreno talvez não bastem 7 milhões e para o passadiços não vão chegar os 11 milhões previstos, se se repetir a velha sina de tudo em Portugal ir sempre muito além do orçamentado.
O palco já aliviado dos piores odores do Trancão, ainda tem vizinhança os lodos pardos e grossos que o Tejo vem aqui juntar aos seus, mas vai dispor de dois passadiços – um para Lisboa e outro para o início do concelho vila-franquense. Este vai custar 11 milhões de euros, coisa pouca no final das contas
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