FUNDOS PARA A UNIV DOS AÇORES, ENCENAÇÃO?

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Encenação?

Na terça-feira, em sede de discussão do Orçamento de Estado, na Assembleia da República, o PS votou contra uma proposta do PSD para contemplar a Universidade dos Açores com 1,5 milhões de euros anuais, resolvendo assim os seus problemas de financiamento.
Na quarta-feira, em Ponta Delgada, o Presidente do Governo dos Açores anunciava uma dotação de 1,2 milhões de euros anuais, depois da reunião conjunta com o Ministro do Ensino Superior e o Reitor da academia açoriana.
Os deputados do PS na Assembleia da República votaram contra a dotação proposta pelo PSD alegando que a Universidade passaria a beneficiar dos programas comunitários, só que a partir do próximo quadro comunitário.
Quem é que desautorizou quem?
É mais do que evidente que a solução apresentada em Ponta Delgada estava mais do que decidida e é muito provável que tenha sido aprovada ao mais alto nível entre Vasco Cordeiro e António Costa.
Estamos em anos de eleições regionais e este problema seria uma pedra no sapato durante toda a campanha eleitoral.
O ministro, que se recusava a dar mais dinheiro, lá veio cá fazer figura de corpo presente, todo contrariado, depois de, com toda a certeza, ter levado um raspanete, ficando assim Vasco Cordeiro como o herói da contenda.
Há que ser justo e o Presidente do Governo dos Açores esteve muito bem na defesa da nossa universidade.
O único problema é que não haja o mesmo critério em relação a outros problemas, muito mais complicados, que estão nas gavetas dos ministros em Lisboa.
Era chamá-los, também, ao Palácio de Santana, para saber se, afinal, as alterações ao subsídio de mobilidade (o tal que António Costa diz ser “absurdo e ruinoso”) avançam ou não, se o GNL é para instalar ou não nos Açores (a carta a pedir explicações já teve resposta?), se a nova cadeia da bagacina é para manter no mesmo local ou vão seguir o que foi aprovado agora no parlamento, se afinal vamos ter cargueiro aéreo ou não, se os radares meteorológicos são para este ano ou para as calendas açorianas, se a lei da gestão do mar vai ou não ser alterada… enfim, assuntos não faltam para chamar os ministros a Santana.
A bem da verdade, como aqui escrevemos há uma semana, se há herói em todo este processo da Universidade é o seu Reitor, que pôs os governantes em sentido com a sua indignação pública.
Parabéns à Universidade…. e olho vivo!

Preguiça?

Temos um parlamento regional que custa mais de 12 milhões de euros por ano e cuja popularidade junto dos cidadãos está pela hora da morte.
Ficou pior, neste final de legislatura, ao saber-se que teve que contratar um escritório de advogados em Lisboa para ajudar a solucionar a imensa trapalhada que vai na CEVERA, a preguiçosa comissão parlamentar que se arrasta na reforma da Autonomia.
Como se não bastasse, esta semana meteu-se noutra preguiçosa embrulhada: não enviou a tempo para a Assembleia da República o seu parecer sobre a proposta de Orçamento de Estado.
É preciso contratar mais um escritório em Lisboa para escrever o parecer?
Venham depressa as eleições regionais, a ver se temos uma nova legislatura mais produtiva e com mais dignidade. Esta bateu no fundo!

(Osvaldo Cabral – Diário dos Açores de 09/02/2020)

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