FELIX RODRIGUES MAIS CASOS E MAIS MORTES EM PT

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O número de infectados em Portugal atingiu hoje os 16 585 casos, ou seja, mais 598 novos casos sobre o acumulado de ontem. Continuamos a crescer tendo-se hoje mais 13,9% de casos do que ontem.
O nosso isolamento social não nos evitou termos menos casos hoje do que o previsto, até pelo contrário, tivemos mais 27 casos de infeção relativamente à última tendência. Isso significa que mesmo com esses números, há poucos dias atrás comentemos asneiras. Não há qualquer garantia que estejamos no pico com estas oscilações de valores diários. No dia 15 deste mês teremos mais certezas relativamente a um patamar ou não do crescimento da infeção em Portugal, porque de ontem para hoje adquirimos mais 3,6% do total das infecções acumuladas do país.
Tivemos mais 34 mortes por Covid-19 de ontem para hoje, atingindo o máximo acumulado de 504 mortes por essa doença. Também tivemos mais duas mortes acima do máximo previsto, ou seja, os dois indicadores, velocidade de infeção e mortalidade, apontam para um descontrolo no afastamento social ou das boas práticas clínicas (entre 5 e 14 dias atrás) que nos atrasou o combate à doença em pelo menos quatro dias.
No dia 7 de abril, publicava-se no Jornal de Notícias que um estudo norte-americano estimava um total de 471 mortes em Portugal por Covid-19, até ao mês de agosto. Classifiquei tal estudo de irrealista e sem bases sólidas, pois tudo indicava que no mínimo, até dia 15 deste mês, ultrapassavamos esse valor. De facto assim foi.
Há uma tendência para acreditarmos mais no que vem de fora do que naquilo que domesticamente produzimos. Isso até parece contágio. Infelizmente tal estudo estava completamente errado.
A pandemia continua com números assustadores a nível mundial: Cerca de 1,9 milhões de pessoas infetadas, em crescimento exponencial, e cerca de 110 mil mortes, também em crescimento exponencial. Na ausência de vacinas o mundo divide-se entre duas lógicas: Imunidade de grupo e contenção das epidemias.
Há mais de 100 anos, ou seja, em meados do século XIX, o processo de imunização da população parecia extraído de um filme de terror: Misturava-se água com “crostas” de cicatrizes de doentes que se inseriam em cortes frescos efetuados nos braços de uma pessoa saudável. Se resistisse, era porque se tinha tornado imune. Assim apressava-se a seleção natural. Um século depois há quem pense da mesma forma mas sem sangrias pelo meio, escondendo esses efeitos no anonimato das vítimas das casas de repouso ou dos sem abrigo e marginalizados da sociedade.
A pintura que aqui se apresenta é de um hospital do Havai, onde se isolavam infetados com varíola (da autoria do pintor Suíço, Paul Emmert, em 1853).
As epidemias não reconhecem estatuto económico, sexo ou etnia. Por favor deixemo-nos de tolices e análises centradas em sexo, etnia ou poder económico. Os mais frágeis são sempre os mais afetados, os com mais dinheiro são sempre os que poderão ter melhores cuidados de saúde, mas neste caso, não nos esqueçamos que não há ainda tratamentos ou vacinas.
A taxa de letalidade do SARS-CoV-2, subiu no último dia para os 3%.
Hoje temos matemática e podemos combater a epidemia com distanciamento social. É pena que o mundo ainda tenha muito pouca literacia científica.
A esta hora, ainda não temos dados dos Açores. Atualizarei logo que possível.

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