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Hoje superámos os números redondos dos 20 000 infetados por SARS-CoV-2 em Portugal e as 700 mortes por Covid-19.
Ontem nos Açores, de uma vez só, apareceram 21 novos casos e registou-se mais um óbito, agora totalizando a meia-dúzia de mortes no Arquipélago.
Na Madeira, saltam, sabe-se lá por quê, e de forma imprevisível, uma dezena de casos em Câmara de Lobos.
Números pequenos têm um efeito avassalador numa pequena população, e números “avassaladoramente elevados” não provocam grandes efeitos em populações muito grandes. Até dá para se elaborarem teorias da conspiração acerca da existência ou não existência de gente infetada. Nas populações pequenas os infetados e mortes têm um nome mas nas populações muito grandes os mortos e infectados são apenas números.
O salto nos Açores não corresponde a uma tendência ou regra matemática, pois esse número não é explicado por uma regra de probabilidades ou de aleatoriedades. É mais um daqueles infortúnios da entrada do vírus num lar de idosos como vem sendo comum em todo o país. Cada entrada dessas num lar de idosos, se não detectada a tempo, vai infetar no mínimo 20% dos residentes e funcionários. Este número é extrapolado do que tem acontecido em navios de cruzeiro ou outros, onde a infeção foi crescendo até esse valor, mesmo com a tentativa de isolar todos os passageiros a bordo.
Essa regra, também se aplicará a infetados isolados em hoteis, quando num deles apareça um caso.
O País tem agora 20 2026 infetados (mais 521 casos do que ontem), tendo descido ligeiramente em valor absoluto. Relativamente ao previsto para este dia, tem-se apenas menos 32 casos infeção, o que significa que de facto estamos a estabilizar matematicamente a infeção mas com um número de casos diários ainda elevado.
O melhor indicador da evolução da epidemia no país é a mortalidade, pois esta não está dependente do esforço analítico ou da decisão de fazer ou não fazer o número apropriado de análises. De ontem para hoje tivemos mais 31 mortes, atingindo-se o acumulado de 718 óbitos. São menos 4 óbitos que o número estimado. Também isso significa uma certa estabilização da infeção.
A letalidade passou hoje em Portugal a ser cerca de 3,6%, tendo subido de ontem para hoje. Havendo um atraso na mortalidade relativamente à infeção esta terá sempre tendência para subir, o que pode indicar também uma redução da velocidade de infeção.
Perante sinais positivos de abrandamento há quem defenda de imediato a reabertura do país e um regresso normal à economia. Ora, o vírus ainda anda nalguns sítios na parte de fora da porta, e evitar que entre em casa, não basta descalçar os sapatos quando se regressa ao lar.
De facto, como diz o epidemiologista português, André Dias, não se tem verificado um efeito na mortalidade portuguesa nesta altura do ano relativamente aos anos anteriores. A mortalidade está, como ele diz: “absolutamente banal”. Isso é ótimo, pois significa que não saturamos o Sistema Nacional de saúde como está a ocorrer noutros países. A nossa letalidade de hoje (3,6%) não se pode comparar com a letalidade da Itália (13,2%) ou com a letalidade da Espanha (10,5%).
Subimos em termos percentuais de ontem para hoje, mais 2,6% do total de casos acumulados até ontem.
Se com os dados da última semana, alguém quiser falar de “pico”, ele terá ocorrido no dia 15 de março, ou seja, foi nesse dia que tivemos o maior número de casos acumulados.
Sair agora, é quase semelhante a esperar um ano inteiro para sair de casa e fazê-lo no dia mais tempestuoso desse ano.