FECHEM OS AEROPORTOS. Por João Nuno Almeida e Sousa:

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FECHEM OS AEROPORTOS. Por João Nuno Almeida e Sousa:

Perdoa-se a ignorância acidental de um turista continental que às perguntas de um jornalista responde que os “Açores é uma ilha” e que acha bem fechar o aeroporto da “ilha”, desde que o deixem sair primeiro.

É a mesma arrogante soberba que emana do Largo do Rato, de São Bento e do Palácio de Belém.

Pouco importam os interesses específicos das populações locais ou regionais, pois, no absolutismo iluminado bicéfalo de Costa-Marcelo, vive um enorme preconceito. Eles é que sabem o que é melhor para o povo néscio. Aos populares apenas se requer que votem nos lustrosos sapientes que mandam nisto com impunidade democrática. O camarada Costa balbuciou no seu dialecto que isso de fechar os aeroportos das Regiões seria “danoso”, pois não permitiria a evacuação dos nacionais de passagem pelas ilhas! Fala dos Açores e da Madeira com o mesmo tique colonialista e desdenhoso, antes contido na denominação “Ilhas Adjacentes”.

É de uma insensibilidade réptil. Moralmente é imperdoável a irresponsabilidade criminosa, negligente no mínimo, dessa gente. A forma como falam de nós apetece vomitar-lhes em cima. Com uma fronteira natural nos Açores e na Madeira, onde seria fácil conter a propagação do Covid-19, as autoridades nacionais optam por nos desprezarem, atiçando um fogo que vai lavrar sem controlo. Bem sabemos que dependemos da graça de Portugal para decretar o encerramento dos nossos aeroportos. Dispensamos, contudo, lições de constitucionalistas alienados e de prescrições da desorientada Diretora Geral da Saúde. O primeiro acha que a liberdade de circulação é um direito fundamental simétrico à saúde, sendo inconstitucional qualquer limitação regional. A segunda, num registo de boneca de ventríloquo, diz que temos de seguir a desorientação nacional e as directivas internacionais, pelo que não temos de ir além delas com quarentenas regionais. Citando a mesma luminária, o mais importante é não nos beijarmos “todos os dias e a toda a hora”. Sabemos tudo isso, mas apenas requeremos sentido de Estado ao Primeiro-ministro e ao Presidente da República. Nenhum deles merece os Açorianos.

Todas as medidas que o Governo Regional dos Açores e as Autarquias da Região Autónoma decretarem, a bem dos Açores e dos Açorianos, são para nós legítimas ao abrigo do privilégio de execução prévia de um estado de emergência.

Fechem os aeroportos. Os Açores estão primeiro.

João Nuno Almeida e Sousa, Ponta Delgada, 16 de Março de 2020.

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