FALTA DE VISÃO NO ACESSO À LAGOA DO FOGO

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Lagoa do Fogo – Como se resolve o estacionamento no Miradouro? Depois logo se vê
Outra completa incongruência desta proposta – resultante de uma falta de estratégia turística geral dos últimos anos para a Região, é achar que ao permitir quase meio milhão de dormidas num único mês, como registado em Agosto 2019, em que 88.653 turistas visitaram apenas São Miguel, tudo fica como antes, para não mencionar os records de cruzeiros que cada vez mais atracam, que com facilidade colocam 3, 6, 9 mil pessoas por 8 ou mais horas a passear pela ilha. E a tendência será para agravar-se, tendo em conta a quantidade de camas aprovadas semanalmente, triplicamos as camas no mercado nos últimos 4 anos, estamos quase com as mesmas da Madeira, com capacidade 4 vezes superior ao máximo de dormidas que já registamos.
Contas muito rápidas, e seguindo uma lógica utópica de que todos seriam extremamente organizados nas afluências – o que nunca acontece, por falta de organização da nossa parte e imprevisíveis condições meteorológicas, e sendo a Lagoa de Fogo um ponto de paragem obrigatória, temos:
Turistas (acesso apenas 1 vez, por 1 hora, com 3 pessoas por carro):
88.653 / 30 dias = 2.955 visitantes por dia
2.955 / 3 pessoas por carro = 985 carros por dia
985 / 10 slots de 1 hora = 98 carros/hora
Micaelenses (acesso apenas 1 vez no mês, por 1 hora, com 3 pessoas por carro)
133.390 / 30 dias = 4.446 visitantes por dia
4.4461 / 3 pessoas por carro= 1.482 carros por dia
1.482 / 10 slots de 1 hora = 148 carros/hora
Cada cruzeiro de 3.000 pessoas (quando atracam 8 horas, 6 horas uteis para visita, 1 hora de visita e transportados em carrinhas de 7 lugares)
3.000 / 6 horas = 500 visitantes/hora
500 / 6 lugares carrinha = 83 carrinhas/hora
Estamos a falar de 246 lugares de estacionamento em permanência, sem cruzeiros, distribuídos equitativamente por apenas 1 hora (as descidas demoram várias) e em 3 pessoas/média por carro, totalmente desfasados de horários e dias.
Com apenas 1 cruzeiro seriam necessários 329 lugares em condições ideais (carrinhas com 6 cruzeiristas, nunca carros, e equitativamente dispersos), 2 cruzeiros precisaríamos de 412 lugares de estacionamento.
Atualmente temos 45 lugares para ligeiros e cinco para autocarros, em plena Rede Natura 2000, Reserva Ecológica, zona de proteção de habitats e espécies, área biótopo Corine, quando afirmam que esta proposta ia “minimizar as alterações no terreno”. Na proposta apresentada não mostram como vão resolver o problema do estacionamento, continuam lá os 45 lugares, menos de metade do necessário apenas para turistas em Agosto, menos de 1/3 do necessário para residentes e metade para passageiros de cruzeiros, num cenário idílico. E é assim que uma SRAAC, entre branqueamentos de informação, descarte do Estudo de Impacte Ambiental (mas até festivais de 2 dias têm que o fazer), ocultação de elementos das imagens foto realistas, não divulgação da discussão pública, avança com este projeto para concurso de Obras Públicas…
A massificação do turismo não é compatível com certas regalias que tínhamos até há bem pouco tempo sem afetar, muitas vezes de forma definitiva, o nosso vasto, e cada vez mais ameaçado património natural! Património esse que não é negociável, menos ainda com esta falta de rumo e plano de “Eco marketing” patente nas grandes opções governativas tomadas até aqui!

nota deste editor do blogue

há anos que se propuseram soluções mais ecológicas https://blog.lusofonias.net/estacionamento-e-ecologia-uma-proposta-antiga-2017/

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