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Joao Paulo Esperanca
Partilho desta ideia. Isto pode repetir-se num sítio qualquer – basta fechar os olhos.
«Foi uma questão complicada com a qual me debati. A Península Ibérica era governada por ditadores fascistas. O regime oprimia os portugueses mas, para pessoas que vinham de um mundo horrível que as perseguia por serem o que são, Portugal era um paraíso. O olhar que elas tinham desse tempo não estava contaminado por políticas, governantes ou regimes. É o olhar puro de crianças. Relatam memórias boas de infância, não são insultadas, não há uma consciência, uma maturidade. Para elas, que eram perseguidas, que não podiam entrar em sítios públicos e não tinham comida, chegar cá e ter acesso a isso, e em segurança, era algo idílico, embora houvesse sempre receio de a Península ser invadida pelos alemães ou de elas serem recambiadas.
(…)
O documentário, apesar de ressalvar o fosso que deve separar a compreensão e o perdão, não cede a uma visão maniqueísta. Ou seja: também nele se contam histórias de alemães bons. Foi importante para si separar os seres humanos daquilo que eles representam?
As coisas não são a preto-e-branco, há muitas zonas cinzentas na vida. Apesar de os alemães, enquanto povo, terem sido muito complacentes com o nazismo, ou terem mesmo fechado os olhos aos seus crimes, houve alemães que fizeram o que podiam para salvar outros seres humanos. Tenho alguma dificuldade em julgar… Um dos protagonistas diz algo como isto: “Eu não acho que aquilo aconteceu por eles serem alemães. Acho que aconteceria em qualquer sítio.” Partilho desta ideia. Isto pode repetir-se num sítio qualquer – basta fechar os olhos.
Comentários
Um comentário a “Estamos a ficar cada vez mais estúpidos. Somos facilmente enganados por um discurso populista””
Identifico-me com o pensamento subjacente a este artigo.Agradece a forma clara como
o expôs .