escola sem professores

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O Expresso anuncia hoje a chegada a Portugal da escola sem professores – os “alunos” “aprendem” uns com os outros. Parece-me o corolário óbvio da cerveja sem álcool e do café sem cafeína. Enquanto as classes dirigentes colocam os filhos em colégios onde nunca falta um professor, e este tem uma formação extraordinária, e contratos para a vida, aos súbitos oferece-se uma aparência de escola. Hoje mesmo entrei numa loja onde perguntei com simpatia à Sra se havia tal produto e ela respondeu-me “não faço a mínima ideia!”. Olhei para o meu marido, a rir-me com discrição e traduzi-lhe baixinho, para ela não ouvir: “estou a borrifar-me se há ou não, não sei se vou ter emprego daqui a um mês e mesmo agora não ganho para viver, reforma nem sonho”. Trabalhadores assim des-tratados podem dispensar professores, quem sabe um dia até a escola. É claro que também dispensam clientes…
O preço que se paga aos professores (e aos médicos) é o mesmo que se paga à população que eles formam e cuidam – pouco, quase nada. O salário dos funcionários públicos está agregado à decadência do país. É baixo porque baixo é o salário geral de quem trabalha. Uns e outros alimentam um país onde as classes dirigentes têm como estratégia vender propriedades e colocar os filhos a estudar no estrangeiro em escolas onde há 1 professor para 12 alunos. A farsa está instalada. Tragam-me um chocolate sem cacau, por gentileza.