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hA equipa liderada pelo Centro Okeanos da Universidade dos Açores garantiu financiamento do Eurofleets+ para tempo de navio de investigação ao abrigo do programa Sea Oceans, permitindo explorar zonas do mar Português nunca antes visitadas.
A investigação dos ecossistemas do mar profundo requer equipamentos e meios tecnológicos complexos, embarcações oceanográficas de grandes dimensões e tripulações especializadas, o que representa elevados custos económicos. Este tipo de meios de investigação estão raramente disponíveis para a comunidade científica Nacional.
O financiamento agora garantido pelo Grupo de Investigação do Mar Profundo do Okeanos da Universidade dos Açores vai permitir a realização de uma expedição científica para a exploração de zonas desconhecidas da Dorsal Médio-Atlântica, ao longo de 17 dias. A missão foi baptizada de “iMAR: Avaliação integrada da distribuição dos Ecossistemas Marinhos Vulneráveis ao longo da Dorsal Médio-Atlântica na região dos Açores” e é liderada por Telmo Morato, do IMAR e Okeanos da Universidade dos Açores, que realça a importância deste financiamento.
“As equipas de investigação do mar profundo em Portugal têm tido alguma dificuldade no acesso a navios de investigação de grande dimensão, que possibilitem trabalhar em águas mais profundas e mais distantes e com os meios tecnológicos adequados. Os nossos projectos de investigação Regionais, Nacionais ou Europeus não conseguem suportar os custos associados à diária de um navio destas características, que pode rondar entre 20 e 60 mil€. Apesar de, nos últimos anos, termos alcançado grandes avanços no conhecimento do mar profundo dos Açores, ainda há muito por conhecer e por descobrir. Por tudo isto, a oportunidade gerada pelo Eurofleets+ e pela Royal Netherlands Institute for Sea Research para utilizar o Navio de Investigação “Pelagia” nos Açores, durante a primavera de 2021, irá contribuir para avançar o conhecimento do mar profundo em Portugal. Esperamos que os dados produzidos ajudem a conhecer melhor as espécies que habitam o mar profundo dos Açores e contribuir com informação de suporte a políticas de conservação e gestão, nomeadamente no que diz respeito à conservação de ecossistemas marinhos vulneráveis.”
A Dorsal Atlântica é uma cordilheira vulcânica que se estende desde o Ártico até à Antárctica e, por isso, é a estrutura topográfica dominante do Oceano Atlântico e a cordilheira mais extensa do mundo. À medida que o Oceano Atlântico se expande lentamente, um novo fundo oceânico é formado no vale central da Dorsal. Neste processo, eventos vulcânicos massivos dão origem a estruturas semelhantes a cristas e montes submarinos com profundidades desde os 4.500 m até cerca de 200 m no topo de alguns montes submarinos. A expedição “iMAR” vai cartografar os fundos desta região e caracterizar as comunidades de corais e esponjas que habitam as cristas e montes submarinos na Dorsal. Pretende ainda identificar os factores ambientais que determinam a distribuição espacial da biodiversidade bentónica de profundidade.
Marina Carreiro Silva, co-líder do grupo de investigação e especialista em corais de águas frias, também do IMAR e Okeanos da Universidade dos Açores, refere:
“O mar profundo dos Açores esconde uma diversidade de comunidades biológicas única no Oceano Atlântico. A região dos Açores alberga extensos jardins de corais de águas frias e campos de esponjas e é a região com a maior diversidade de octocorais conhecida no Atlântico Norte. Contudo, explorar o mar profundo é ter a certeza que todos os dias descobrimos coisas novas. Por isso o financiamento Eurofleets+ vai possibilitar-nos continuar a descobrir o mar dos Açores e explorar zonas no Norte da região nunca antes visitadas”.
Por seu turno, o comandante João Vicente, Chefe da Divisão de Hidrografia do Instituto, refere a elevada importância deste cruzeiro científico que contribuirá também para o programa SEAMAP 2030 (Mapeamento do Mar Português) do Instituto Hidrográfico (IH). Este programa visa completar o mapeamento de elevada resolução dos espaços marítimos nacionais até 2030 e tem como missão contribuir para a conservação e uso sustentável do mar, apoiando a investigação e promovendo o desenvolvimento.
“O IH apoiará a aquisição de dados multifeixe recolhidos durante essa missão e executará o processamento dos mesmos em suporte às restantes atividades científicas. Paralelamente a este cruzeiro científico, a Marinha Portuguesa prevê realizar em 2021 mais uma missão hidrográfica nos Açores recorrendo aos seus navios hidrográficos, mantendo o compromisso do programa SEAMAP 2030 e em partilhar a informação com a comunidade científica e com outras instituições através do Instituto Hidrográfico.”
A expedição “iMAR” tem também como objectivos identificar novas áreas que se enquadrem na definição de Ecossistemas Marinhos Vulneráveis, determinar o estado ambiental das comunidades bentónicas e quantificar o lixo marinho, contribuindo assim com informação científica para o desenvolvimento de políticas que promovam a preservação do património natural, garantindo o uso sustentável do mar profundo, minimizando os impactos negativos nestes ecossistemas tão vulneráveis.
A expedição é financiada pelo projecto Eurofleets+, do programa Horizonte 2020, que visa reunir uma frota de navios de pesquisa avançada e integrada para melhorar a coordenação e promover o uso económico da infraestrutura de pesquisa marinha. O programa engloba vinte e sete navios de investigação, sete Veículos Operados Remotamente (ROVs), cinco Veículos Submarinos Autónomos (AUVs) e uma unidade portátil de telepresença.
Aodhán Fitzgerald, coordenador do projeto Eurofleets+, refere que o projecto possibilita o acesso aos mais modernos navios de investigação, proporcionando oportunidades para estudar locais ainda por explorar.
“Os investigadores financiados através do projecto Eurofleets+ podem aceder a Navios de Investigação com capacidades diferentes daquelas disponíveis nos navios nacionais existentes que possam estar à sua disposição. Tais oportunidades permitem expedições importantes, como é o caso do “iMAR”, para explorar e estudar novos ecossistemas marinhos, e compreender melhor os impactos negativos nos nossos ambientes de águas profundas.”
Já o Ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, refere que é muito importante que os cientistas dos centros de investigação nacionais aproveitem as oportunidades para usarem plataformas de acesso ao mar profundo, como aquelas disponibilizadas pelo programa europeu Eurofleets+.
“A investigação científica oceânica é sempre cara e tecnologicamente exigente, em especial se pretendemos explorar os ambientes mais remotos e de difícil acesso como é o mar profundo. É mais uma etapa do percurso rico da equipa de investigação do mar profundo do IMAR/Okeanos da Universidade dos Açores, liderado pelos Doutores Telmo Morato e Marina Carreiro-Silva, pelo mérito de terem conseguido esta bolsa que permite alocar, durante 17 dias, o NI Pelagia, do laboratório belga NIOZ, para a campanha iMAR. Estes ecossistemas do oceano profundo dos Açores são únicos e ainda mal conhecidos, principalmente no setor a norte das ilhas. Esta campanha científica irá certamente desvendar ecossistemas exuberantes e vulneráveis escondidos nesta que é a maior cadeia de montanhosa submersa do planeta”.ttp://diariodosacores.pt/NewsDetail/ArtMID/380/ArticleID/4278/Equipa-do-Centro-Okeanos-ganha-financiamento-para-expedi231227o-ao-mar-profundo-dos-A231ores

DIARIODOSACORES.PT
Equipa do Centro Okeanos ganha financiamento para expedição ao mar profundo dos Açores
A equipa liderada pelo Centro Okeanos da Universidade dos Açores garantiu financiamento do Eurofleets+ para tempo de navio de investigação ao abrigo do programa Sea Oceans, permitindo explorar zonas do mar Português nunca antes visitadas. A investigação dos ecossistemas do mar profundo requer …
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