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ENVELHEÇO, LOGO NÃO EXISTO!
Envelheço entre a deriva do tempo, as injustiças, catástrofes, perdido no desinteresse, na indiferença do passo acelerado. Nada mais absurdo do que esta realidade onde tudo é distante, até os olhares.
A distância é uma terra de ninguém, de pessoas vazias que gritam impacientes, que buscam protagonismos inconsequentes e despidos de responsabilidade.
Observa-se o drama obsceno, dia após dia, de pais “órfãos” de filhos, de filhos – inaptos – pais dos seus pais, dormentes na memória. O perigo não habita na fraca memória das gerações do futuro. Mas sim, no desperdiçar a existência de uma relação interpessoal – quase inexistente – que filhos, pais de seus pais, adopta no presente.
Filhos apelando por libertação e o direito a ter direitos, esquecem o dever da razoabilidade real de cuidar de forma digna dos seus pais (assim como o dever de colocar em prática na primeira pessoa o que tanto defendem e exigem aos outros). Uma concorrência desleal no mesmo ritmo do envelhecimento.
Uma ingratidão perigosa. O que é, não é, não aconteceu, porque não se quer recordar.
O vazio de mentalidades “cegocêntricas” que vão perdendo vitalidade, esquecendo que, também eles, um dia, poderão ser vítimas do próprio veneno que inocolaram aos seus descendentes.
Capacidade para uma reflexão profunda sobre a verdadeira essência de ser e de sentir, perda da capacidade de se colocar no lugar do outro há muito está a ser hipotecada.
No contexto familiar, existem situações em que pais se encontram com um tipo peculiar de dor: serem vítimas de indiferença dos seus próprios filhos. Neste contexto, a dor emocional vivida por pais que são vítimas da indiferença dos próprios filhos, destaca o desafio e a importância de se olhar com olhos de ver para estes casos. Quando instituições manifestam a necessidade de realizar campanhas de sensibilização deste género, significam a urgência da implementação de medidas equilibradas que já se fazem tardias.
A indiferença é uma crueldade silenciosa que na esmagadora maioria das vezes deixa sequelas profundas e duradouras. Negligência ou abandono pelos outros, essa falta de empatia social geral, gera uma sensação de impotência e desespero profundos, agravando ainda mais a dor já insuportável. É imperioso que a sociedade esteja ciente dessa dolorosa realidade.
Porque nestes novos tempos a tendência de “vender” formação para tudo, passou a ser quase obrigatória e o Dr. Google, os Influencer, os Coatch substitui o pensar cada um de per si – coisa que dá muito trabalho e já não está na moda. A educação sobre empatia, respeito e responsabilidade social deve ser amplamente disseminada, para que cada indivíduo compreenda a sua responsabilidade em garantir a segurança e o bem-estar de si e dos outros, sem egoísmo exacerbado. Ou num futuro muito breve, a sociedade como um todo desmorona entre o dever de cada um e a responsabilidade descartada para terceiros.
– Texto todos os direitos reservados ao autor: António Manuel Palhinha
– Vídeo partilhado por uma amiga
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Wanda Ribeiro
Perfeito e verdadeiro…infelizmente vivemos em um mundo onde envelhecer é pecado…
Parabéns
pelo texto…
Peço licença para compartilhar.
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António Manuel Palhinha
Wanda Ribeiro minha querida amiga. Partilhe, faz parte da nossa responsabilidade social sensibilizar e alertar cérebros adormecidos. A minha gratidão.
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