embaixador russo envergonhado pela guerra de Putin

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“Nunca tive tanta vergonha do meu país”, escreveu Boris Bondarev numa carta divulgada hoje pela UN Watch, uma plataforma que monitoriza as políticas das Nações Unidas.
Bondarev é diplomata desde 2002 e ocupa o cargo de conselheiro da missão russa nas Nações Unidas em Genebra desde 2019. “A guerra agressiva lançada por Putin contra a Ucrânia e, de facto contra todo o mundo ocidental, não só é um crime contra o povo ucraniano, mas também, talvez, o crime mais sério contra o povo da Rússia, com a desafiante letra Z [símbolo informal do apoio dado na Rússia à invasão da Ucrânia] a destruir todas as esperanças de uma sociedade livre no nosso país”, pode-se ler no documento.
“Os que planearam esta guerra querem apenas uma coisa: permanecer para sempre no poder, viver em palácios pomposos sem gosto, navegar em iates comparáveis com a marinha russa em custo e tonelagem, gozar de poer ilimitado e completa impunidade. Para alcançar isto, estão dispostos a sacrificar muitas vidas. Milhares de russos e ucranianos morreram apenas por causa disto”, acrescenta.
O diplomata destaca que o “nível de mentiras e falta de profissionalismo no ministério dos Negócios Estrangeiros tem aumentado”.
Recentemente, “tornou-se simplesmente catastrófico. Em vez de informação e análise imparcial e previsões sóbrias, existem clichés de propaganda no espírito dos jornais soviéticos de 1930”.
O diplomata reserva várias críticas ao ministro dos Negócios Estrangeiros: Serguei Lavrov é um “bom exemplo da degradação deste sistema. Em 18 anos, passou de profissional e intelectual, que reunia a elevada estima de muitos colegas, a uma pessoa que emite constantemente declarações conflituosas e ameaça o mundo (e também a Rússia) com armas nucleares”.
O ministério dos Negócios Estrangeiros “não trata de diplomacia, mas fomenta a guerra, com mentiras e ódio. Serve os interesses de poucos, as poucas pessoas que contribuem para um maior isolamento e degradação do meu país”.
“A Rússia já não tem aliados e não existe para culpar, exceto a sua política implacável e mal desenhada”, acrescenta.
“Estudei para ser diplomata e fui diplomata durante vinte anos. O ministério tornou-se na minha casa e na minha família. Mas simplesmente não posso continuar a partilhar esta ignomínia sangrenta, tola e absolutamente desnecessária”, termina a missiva.
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