EM DEFESA DA CALHETA PERO DE TEIVE

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Na defesa da “nossa” Calheta Pêro de Teive!
Jornal “Correio dos Açores” de 1-6-2023
Calheta Pêro de Teive – Pecado Geracional!
Já rios de tinta, resmas de papel, inúmeras promessas políticas e muitas lágrimas, do povo da Calheta, se gastaram sobre o “pecado geracional” que se cometeu ao aterrar a bela e Histórica baía que constituía a Calheta Pêro de Teive.
O Mestre Domingos Rebelo imortalizou-a em tela que tão bem descreveu o professor Luciano Mota Vieira: “Calheta de Pêro Teive – Conjunto de águas mansas, de porto de pesca, de casario batido pelo sol, de via movimentada, que é varanda sobre o mar. Foi assim que a viu – com absoluto realismo – o talento de Domingos Rebelo.”
Tudo se iniciou no tempo da “velha senhora” – 1973. Sendo o tema retomado em março de 1982, numa entrevista do então Secretário Regional do Equipamento, defendendo o prolongamento da Avenida com ponte sobre a baía da Calheta: “Com ponte, com o mesmo porto na Calheta, e com uma nova piscina, que, à partida, fica a cargo da Câmara Municipal de Ponta Delgada, a Avenida Marginal vai ser prolongada em mais 1200 metros…”
Afinal!… Tudo se aterrou!… Tudo se alterou, nem a promessa de que naquele aterro nada seria construído acima da quota da rua Eng.º José Cordeiro foi mantida!
São quarenta e um anos do que “fazer” naquele espaço e, à volta de ferro e betão, milhões de euros gastos e derretidos num “mamarracho” que em nada abona na dignidade da cidade, até pelo contrário, envergonha-a!
No ano de 2022, após enorme pressão da população e da Câmara Municipal, o empreendedor Asta Atlântida/Discovery promove a demolição da obra inacabada e ilegal, limpa o espaço, que era um atentado à saúde pública tal era o abandono, levanta o Alvará em agosto para a construção de uma nova unidade hoteleira e um espaço verde que será entregue à cidade. As obras iniciam-se quase de imediato com a demolição da construção existente e a integrar no novo hotel.
Acabada esta demolição há meses, as obras pararam! Marcou o empreendedor o terreno, a sua posição! A população calou-se! A fiscalização que compete ao Governo e à Câmara nada esclarecem!
O passado e as tantas e tantas voltas dadas neste “aterro” leva-nos a temer por esta paragem. A população tem e deve de ser esclarecida!
Urge dignificar este local e devolver aquele espaço verde ao povo e à cidade, nele deve ficar situado um monumento aos nossos Bravos e Corajosos pescadores. Porque não, um centro interpretativo da História deste local e da sua enorme importância no crescimento da cidade de Ponta Delgada? Está lá, ao abandono, o histórico edifício da Fundição com as suas sumptuosas chaminés, sendo uma delas octogonal!
Não deixem a memória da Calheta Pêro de Teive desaparecer no tempo. Ainda um dia destes, numa conversa com miúdos do quarto ano escolar, falando-lhes da Calheta diziam-me que não a conheciam; no entanto, gostaram muito do pouco da história que lhes relatei.
Há que dar vida à nossa História se queremos um futuro melhor!
______________________________Carlos A. C. César