É preciso votar!Osvaldo José Vieira Cabral

Os açorianos vão hoje às urnas para eleger os 57 deputados que formarão a próxima legislatura no parlamento regional.

Depois de duas semanas de campanha eleitoral, em que não faltaram debates, frente a frente, direitos de antena, longas coberturas na comunicação social e as tradicionais arruadas, mesmo que mais contidas, o eleitorado não se pode queixar de falta de informação.

O que leva, então, os eleitores a ficarem em casa?

O fenómeno da abstenção está mais do que identificado: para além da abstenção técnica, que deve rondar os 10 a 15%, é notório um cada vez maior distanciamento dos eleitos e eleitores porque o sistema eleitoral está desactualizado e os eleitores não se identificam com os candidatos em geral.

O Presidente da República, há quatro anos, interrogava-se: “Porque razão os portugueses desconfiam da política, dos políticos, das instituições, escolhem a abstenção o distanciamento crítico ou o alheamento céptico?”.

Marcelo Rebelo de Sousa ensaiou uma resposta, sublinhando que “a razão de ser de desconfianças e desilusões e descrença (…) tem a ver com o cansaço perante casos a mais de princípios vividos a menos. De cada vez que um responsável público se deslumbra com o poder, se acha o centro do mundo, se permite admitir dependências pessoais ou funcionais, se distancia dos governados, aparenta considerar-se eterno, alimenta clientelas, redes de influências de promoção social – económicas ou políticas –, de cada vez que isso acontece, é a democracia que sofre”.

É tudo isso que vai estar em jogo nas eleições de hoje.

A abstenção deverá atingir, mais uma vez, níveis estratosféricos, até porque, nesta última legislatura, a Assembleia Legislativa Regional, que hoje vai a votos, esteve muito mal ao não produzir nenhuma alteração, como prometera, sobre o sistema eleitoral e a reforma da Autonomia.

Mas é preciso que os açorianos dêem um sinal de que ainda acreditam nas instituições e de que é possível reforçar a esperança de que cada açoriano se sentirá representado no parlamento.

Para tal, é importante que vote.

Não interessa em quem ou como, é que esta é a única forma de combatermos o conformismo e demonstrarmos que ainda acreditamos na afirmação do nosso projecto Autonómico.

Saia de casa e vote.

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– Diário dos Açores de 25/10/2020) — with

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