E o Triângulo?

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E o Triângulo?
O Governo Regional fez uma festa esta semana com a vinda da British Airways, para dois meses do próximo Verão, com 18 frequências.
A operação vai custar, pelo que transpareceu, 400 mil euros aos bolsos dos contribuintes.
A pergunta do deputado liberal Nuno Barata faz todo o sentido: para quê investir no Verão, quando os próprios empresários e operadores do sector dizem que, nos Açores, o Verão está vendido por si mesmo?
Captar turistas para as nossas ilhas é uma estratégia política, mas que se faça no período da época baixa, porque continuamos com uma sazonalidade bastante acentuada.
Há hotéis em S. Miguel que se preparam para fechar, temporariamente, já em Novembro, porque o número de reservas não é suficiente para manter as unidades abertas.
Cometer os mesmos erros da governação anterior, que eram criticados pelos que agora estão no poder, revela falta de noção da realidade e de estratégia neste sector.
Mais grave ainda é quando se aposta apenas em duas ilhas: S. Miguel e Terceira.
Entra pelos olhos dentro de qualquer leigo que o pólo mais potenciador do turismo, enquanto destino forte, nos últimos tempos, é o Triângulo.
Os números estão aí para o confirmar: Faial, Pico e S. Jorge são um caso sério de crescimento quando se fala de destinos com potencialidade turística, onde é preciso gerar riqueza e desenvolvimento, até porque são nessas ilhas mais pequenas que se registam graves problemas de fixação de pessoas.
O governo anterior não quis apostar neste destino e o actual vai pelo mesmo caminho, não criando as condições de acessibilidade para que os aviões de médio e longo curso possam operar sem penalizações.
Dizer que a vinda da British Airways, apenas para S. Miguel e Terceira, vai provocar um “desenvolvimento harmonioso” no arquipélago, deve ser para as populações das outras ilhas se rirem.
O Triângulo precisa, na política, de líderes influentes, que façam ouvir a sua voz junto dos poderes que decidem estas coisas apenas para as ilhas maiores.
Se os representantes políticos dessas ilhas soubessem dar um murro na mesa quando é preciso, mesmo contra os seus partidos, talvez a coisa fiasse mais fino.
Mais de quatro décadas de Autonomia e governação própria, é triste constatar que os poderes públicos ainda pensam como no tempo dos Distritos.
Até quando?
(Osvaldo Cabral – Diário dos Açores de 19/09/2021)
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