dores (poema para a Helena Chrystello)

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742 dores – Maria nini nunca saberei viver sem ti 4.2.2024

 

o pior de tudo são os silêncios sem fim

entrecortados pelo toque dos sinos,

o pior de tudo é não ouvir a tua voz

ao telefone com colegas e amigas

ou a ralhar com as cadelas ou comigo

o pior de tudo é ninguém bater, o telefone não tocar

e os silêncios dantescos como as sombras

como os murmúrios que ainda ouço, das tuas dores

 

o pior de tudo é a irreversibilidade

as fotos que passam não voltam

29 anos de memórias, partilhas, cumplicidades,

e a certeza inabalável de que nada nos separaria

e nada nos separará, ou afastará

nem a morte traiçoeira que chegou sem ser convidada

 

o pior de tudo são os silêncios sem fim

entrecortados pelo toque dos sinos,

o pior de tudo é não ter quem leia os meus escritos

não os corriges nem criticas

o amanhã não vai mudar nada

e a solidão será companheira indesejada e fria

havia tantos planos e projetos

a tua vontade inabalável para os concluir

mesmo quando já te faltavam as forças

 

o pior de tudo são os silêncios sem fim

entrecortados pelo toque dos sinos,

como os murmúrios que ainda ouço, com as dores

e as fotos que passam na moldura não voltam mais

nem as poderemos recriar ou reviver

e onde quer que vá estive lá contigo

 

o pior de tudo são os silêncios sem fim

esta irreversibilidade inaceitada

chorar a saudade do teu riso alegre

ansiar o teu sorriso cúmplice

nestes dias chorosos e tristes

solitários, vazios, silenciosos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

o pior de tudo são os silêncios sem fim

esta imensa dor nunca vai passar

a angústia e solidão não vai mudar

preciso tanto de ti ao meu lado

para me ajudares com esta dor

não quero viver sem ti

não posso crer que não vais voltar

 

 

o pior de tudo são os silêncios sem fim

e ninguém sente o que estou a passar

só tu entendes esta dor

só tu podes secar estas lágrimas

só tu podes dar-me razão para viver

e eu nunca saberei viver sem ti