Do cerco à liberdade

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17 de janeiro de 2021
Do cerco à liberdade
1 – Estamos confrontados com um dilema que é conflituante entre o comportamento do ser e estar das pessoas na sociedade e a necessidade de garantir o respeito pelo semelhante, seja quanto à saúde ou tão só como cidadão.
2 – Este conflito tem de ser entendido pelas pessoas que não podem colocar os semelhantes em perigo, assim como pelos governos que têm de ser criativos nas medidas que adoptam para conter o contágio crescente da pandemia.
3 – O problema reside no comportamento e na responsabilidade de cada cidadão, assim como nas condições de vida das comunidades.
4 – A cultura do direito que acorrenta o modelo social eliminou a responsabilidade cívica de uma sociedade, que levada pelo princípio do “politicamente correcto”, deixou de fazer parte do discurso tanto político como social e até religioso.
5 – Tudo o que se reporta ao procedimento e comportamento das pessoas foi remetido para o poder judicial como descarte do poder político, porque aquele julga, condena e absolve, mas não vai a votos, nem tem necessidade de ficar de bem com todos para merecer depois a reeleição.
6 – E que consequências resultam deste modelo de sociedade que temos?
7 – Começando pela saúde, temos a pandemia como âmago de todos os males, esquecendo todos os outros.
8 – O contágio não se cinge à Covid-19, mas pela forma alarmista como tem sido tratado a nível global pela comunicação social que não consegue largar o osso, fazendo esquecer outras patologias que são vítimas da pandemia, como a ansiedade, depressão, psicose e distúrbios da alimentação que estão a crescer e vão marcar toda esta geração.
9 – Daí o cuidado e o realismo a ter nas medidas que são determinadas para combater a infecção do vírus pandémico.
10 – Pergunta-se qual é a vantagem de cercar nove mil pessoas numa vila, dificultando-lhes a vida, quando não se encerram os centros de contágio que são as tabernas, os cafés e os ajuntamentos de quem não trabalha, porque o mar não deixa, ou quando se mantém a pessoa infectada na mesma moradia, a usar a mesma casa de banho, e a mesma cozinha, onde coabitam entre seis a dez ou doze pessoas?
11 – A medida necessária é testar e isolar convenientemente o infectado, e não cercar uma vila.
12 – Há muito tempo que devia ter sido requerido o apoio das Forças Armadas na Região para ajudar na fiscalização, em zonas onde é difícil acatar as regras, e no caso de Rabo de Peixe, instalar um “hospital de campanha” para acolher as pessoas que não têm condições para ficar confinados de quarentena na própria moradia.
13 – Mas a fiscalização não é necessária só em Rabo de Peixe, porque são vários os cafés em Ponta Delgada, com espaços reduzidos e aparentemente sem condições sanitárias que se mantêm abertos e com clientes aos magotes dentro e fora, sem máscara e sem distanciamento aconselhado.
14 – Apesar da pandemia dominar o momento político, a ela juntou-se uma outra doença nacional que de quando em vez vem à tona de água, lembrando os tempos coloniais em plena ditadura.
15 – Esse espírito ressurgiu novamente com a insistência do Presidente da República em lembrar a forma de Estado Unitário que é Portugal, sem referir “com Regiões Autónomas” como consta na Constituição. Como isso não bastasse, 38 deputados do PS, PSD, PCP e acompanhantes requereram ao Tribunal a inconstitucionalidade da alteração à lei sobre a gestão partilhada do mar, alegando que está em risco a unidade nacional.
16 – Vamos ser claros, as alterações à lei do mar foram um remendo mal feito e pouco ou nada valerão porque o sonho que foi alimentado durante anos sobre a grande riqueza que era possível retirar do mar, além do que ele já nos dá, evaporou-se porque tem custos brutais, que os lóbis interessados preferiram arranjar outro caminho que é a mineração em terra do lítio, que é o novo eldorado.
17 – O problema está tão só no renascimento da mentalidade colonialista, que tem de ser combatida com a unidade entre a Madeira e os Açores pelo aprofundamento e afirmação do regime Autonómico.
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