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Porque hoje é dia de São Bartolomeu, freguesia do século XVI, da ilha Terceira, deixo aqui linda informação sobre o Santo da autoria do Professor Vitor Serrão. A imagem que conhecemos aqui parece-me do século XVIII, mas não deixa de ser curioso ver a quantidade de paróquias renascentistas com esse padroeiro.
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O DIABO À SOLTA. O Santoral de 24 de Agosto assinala São Bartolomeu e escolho, por isso, duas imagens: uma escultura tardo-gótica da igreja de Vale da Pinta (Cartaxo), peça muito repintada e fruste mas ainda cheia de carácter, e um fresco de mestre Arnaus, de cerca de 1540, na igreja de Folhadela (Vila Real). Como sempre, vemos o santo segurando a faca do martírio, o livro e a corrente com que prende o Diabo a seus pés. Diz a tradição que Bartolomeu é o único dos doze apóstolos com poderes absolutos para dominar o Diabo: só na noite de 23 para 24 de Agosto ele o liberta, por estar preso todo o ano, mas recomendando total resguardo às pessoas de bem para que se fechem em casa !
São Bartolomeu, ou Natanael (“dom de Deus”), era natural de Caná, seguiu Jesus, teve dons de exorcismo e morreu no dia 24 de Agosto de 51 d. C., a mando de um governador do Daguestão. O facto de ter sido esfolado vivo tornou-o padroeiro dos peleiros, sapateiros, padeiros e alfaiates, mas também é patrono (no caso, pelo menos, da ermida do santo em Beira-Mar, bairro piscatório de Aveiro) das esposas enganadas e dos objectos perdidos. Gustavo de Matos Sequeira conta-nos no seu Inventário Artístico de Portugal (Distrito de Santarém, 1949) que, indo a Chão das Maias (Torres Novas) ver a Ermida de São Bartolomeu, as gentes do sítio lhe perguntaram: «Então os senhores vêm ver o diabo ?».
Mas a data tem outras conotações menos simpáticas: foi a 24 de Agosto de 1572 que ocorreu um símbolo máximo da intolerância religiosa: a matança de Saint Barthélemy (aqui representada em pintura de François Dubois) quando, por ordem do partido católico de Henrique III, pereceram em Paris milhares de protestantes…
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