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Açoriano Oriental, 13/11/2021
ZONA FRANCA
Mãos nas algibeiras
Segundo os dados apresentados recentemente pelo Serviço Regional de Estatística dos Açores, a taxa de desemprego na Região no 3º trimestre de 2021 foi de 6,9%. A nível nacional, o valor para este trimestre situou-se nos 6,1%.
Nos Açores, a falta de trabalhadores faz-se sentir em diversos sectores, a ponto de haver quem fale na importação de mão-de-obra como forma de garantir a sustentabilidade de vários negócios. Enquanto isso, os ficheiros dos Centros de Emprego regionais encontram-se preenchidos por mais de 6400 pessoas.
Os Centros de Emprego continuam a funcionar de uma forma lenta e reactiva, sem evoluírem para um registo proactivo que sirva os trabalhadores e as empresas. É incompreensível que, com a propalada falta de recursos humanos nas empresas, os CE não exerçam uma procura activa e diligente para preencherem as vagas do mercado de trabalho.
O Instituto Nacional de Estatística considera uma pessoa como desempregada, quando, além de não ter trabalho, procura activamente emprego e está disponível para aceitar uma vaga no imediato.
Quem tem por tarefa analisar os Curriculum Vitae, recebidos em resposta a ofertas de emprego, depara-se com um cenário deveras aterrador. O descuido com que são enviados a maioria dos CV é revelador de uma inércia e de uma acomodação à subsidiodependência verdadeiramente preocupantes. São erros de ortografia, inclusive no próprio nome, falta de informação sobre o percurso profissional e académico, até CVs que, de tão pequenos, podiam ser enviados por telegrama.
Poucos são os desempregados que procuram activamente emprego. Muitos são aqueles que nem pretendem arranjar emprego, recorrendo a sucessivos estratagemas para passarem o seu período de vida activa sustentados por subsídios de diversas índoles. A ausência de uma política de fiscalização que permita destrinçar o trigo do joio, eliminando os oportunistas, fomenta uma injustiça perante aqueles que trabalham e premeia a “chico-espertice”.
O valor do subsídio de desemprego, nos primeiros seis meses, deveria ser equivalente ao valor do último ordenado recebido, de forma a permitir uma procura activa de emprego sem afectar a economia familiar. Após esse tempo, forçosamente teria de haver uma redução do valor, a cada dois meses, até um período que não ultrapassasse os dezoito meses.
Por princípio, o que é dado não é valorizado, como tal é um erro crasso permitir que quem vive ao abrigo de subsídios, e tem capacidade para trabalhar, não tenha de cumprir um horário diário de serviço a favor da comunidade. Assim, fomentam-se hábitos oportunistas e incentiva-se a economia paralela, fazendo com que sejam cada vez menos a descontar para o sustento de cada vez mais gente.
Com uma legislação laboral parada na década de 70 do século passado, sustentada em direitos adquiridos que carecem de adaptação e de conjugação com os deveres exigidos, e uma carga fiscal verdadeiramente asfixiante, o Estado dá um forte contributo à criação de obstáculos na contratação de trabalhadores.
Não só temos Sindicatos estacionados no Verão quente de 1975, como temos alguns empresários a viver em 1973 quando, demagogicamente, acenam com profecias de encerramento de empresas, e consequentes despedimentos, perante a necessidade evidente do aumento do Salário Mínimo Nacional.
luisvasco@susiarte.com
*ZONA FRANCA discorda ortograficamente